OUTRAS PRECIOSIDADES (36)

DE NOITE

Submergir na noite ! Assim como às vezes

se enterra a cabeça no peito para refletir, fundir-se

assim por completo na noite. Em redor dormem os

homens. Um pequeno espetáculo, um autoengodo

inocente, é o dormir em casas, em camas sólidas,

sob teto seguro, estendidos ou encolhidos, sobre

colchões, entre lençois, sob cobertas; na realidade,

encontram-se reunidos como outrora uma vez e

como depois de uma comarca deserta - um

acampamento à intempérie, uma incontável

qualidade de pessoas, um exército, um povo sob

um ceu frio, sobre uma terra fria, atirados ao solo

ali onde antes se esteve de pé, com a fronte

apertada contra o braço, e a cara contra o solo,

respirando tranquilamente.. E tu velas, és um dos

vigias, encontras o próximo agitando o madeiro

aceso que tomaste do monte de estilhas, junto

a ti. Por que velas ? Alguém tem que velar, se

disse. Alguém precisa estar aí.