Intimidades 62
Falava e todas as palavras eram nefastas. Caiam na alma como víboras, cortavam a pele, destroçavam qualquer hipótese de paz. Responder era inútil. Nenhum mal escuta, nenhuma ruindade vê, nenhuma peste abdica de sentir os outros a arder em febre, a empalidecer, a cair no limbo . Até que, de tão violentas, as palavras queimaram a boca ao bruxo. E ele calou-se. Sem que se libertasse do mal por estar silencioso, a si mesmo se envenenava com o que não dizia. Depois, quando já morria, ela voltou. E todas as flores acudiram ao discurso e o homem falou, disse, floriu. O nome do seu amor? – Primavera!