TRÊS CORUJAS
Do alto de uma árvore, pousadas em um de seus galhos, três corujas estão atentas ao que está acontecendo naquele início de noite. A coruja do meio comenta:
– Meninas, os homens dizem que, nós, além de termos hábitos noturnos e visão muito acurada, deslocamo-nos por meio de voos silenciosos. Observem a senhora à frente do notebook. Trabalha concentrada e, quando levanta para pegar um material, dirige-se ao outro ambiente, em silêncio, tal qual nós.
– Verdade! Será que tem audição desenvolvida, sendo capaz de perceber pequenos ruídos?
– Hum! Folhas a farfalharem.
– Será que não fomos notadas ou a senhora se sente insegura quanto ao nosso simbolismo? Alguns acreditam que estamos relacionadas a conhecimento e sabedoria; outros nos classificam como símbolo de azar e bruxaria? Nossa vocalização é vista como sombria e somos aves noturnas.
– Creio que não! Olhem! Tem três corujinhas na estante!
– Três? Iguais a nós!
– Ela deve ter ciência que, na Grécia Antiga, a coruja era companheira inseparável da Deusa Athena, Símbolo da Sabedoria e do Conhecimento, assim como Protetora de Atividades Intelectuais; e, que antigas tribos indígenas, da América do Norte, acreditavam que nossas antepassadas eram mensageiras da morte e de doenças, enquanto outras nos viam como espíritos protetores. Já, no Oriente Médio, somos associadas à morte e à destruição.
– Calma, meninas! Estamos no país de Mario Quintana, ou melhor, no Rio grande do Sul, na Cidade dos Cataventos, chão que o Poeta tanto amor! Há muito tempo, no Brasil, algumas tribos tinham-nas como aves sagradas; outras, que éramos representantes de bruxas. Em Capão da Canoa e Imbé, praias do Litoral Gaúcho, ninhos de corujas viraram pontos turísticos, monitorados pelas prefeituras da região. A Polícia Ambiental proibiu, no réveillon, queima de fogos de artifício, nas dunas, que ficam perto dos ninhos, por ser a nossa espécie sensível a sons.
– Estou me sentindo importantíssima! O quanto eu desconhecia de nossa história!
– Amadas! Por trazermos conosco o significado de reflexão, de conhecimento racional e intuitivo, fomos escolhidas, para representar a docência e para mascote dos escoteiros. Simbolizamos os cursos de Filosofia, Pedagogia e Letras, ou seja, a Educação, uma vez que o professor deve ser aquele profissional que vê além dos demais, sempre atento, prevendo situações novas e não esperadas, capaz de impor respeito com seu exemplo.
– Enquanto vocês tagarelavam, ouvi a senhora conversando com uma colega, em que afirmava ser necessário, na sala de aula, ter uma percepção sólida e coerente dos fatos, tal qual saber ouvir e refletir antes de tomar qualquer decisão, não se atendo apenas ao que está ao seu redor.
– Amigas, após este encontro, levamos conosco a explicação do porquê de termos sido escolhidas para representar a docência e para mascote dos escoteiros. É através do conhecimento racional, que o educador e o chefe adquirem o conhecimento do potencial do grupo, tornando-se aptos a explorarem o melhor de cada um e de amenizarem as dificuldades.
– Boa noite!
– Tchau!
– Até breve!