O rugido do Leão.
Em um reino distante, numa época perdida, o sol havia sido sequestrado, a luz esvaído e as trevas cobriam a face do abismo. A noite perdurava há milhares de anos, uma tempestade caia sobre a relva, a lama impregnava os seres e o lodo cobria os quatro cantos do mundo. A serpente aprisionava a humanidade, seduzindo-os com astúcia e mergulhando-os em prazeres carnais. A semelhança era longínqua e a imagem se perdera no reflexo dos mares.
Os homens haviam esquecido o criador e não havia esperança dum amanhecer. A maldade se multiplicava por toda a Terra e o coração do homem foi corrompido. Mas o Eu Sou rugiu do seu trono, levando as nuvens negras num vento impetuoso. O Leão se vestiu de cordeiro e desceu ao encontro da criação. Derramou graça e misericórdia por onde passou e com sacrifício levou sobre si toda a humilhação e sujeira da humanidade. O Rei Leão esmagou a serpente com coragem e bravura. Ressurgiu ao terceiro dia trazendo consigo o raiar do dia. O reino ganhou direito à salvação e acesso livre ao trono. Com véu e vestes rasgadas o santo dos Santos pôde habitar em nós, nos tornando santuário do Espírito e a adoção estava completa nos tornando filhos do Pai.