O amor está nas aves
Jurema vive conosco há um ano. Certa tarde, de súbito, desejamos ter como companheira inseparável de nossos quotidianos uma calopsita. No instante do ápice da vontade tivemos a oportunidade e eu saí de casa, quando raiava ardente sol, e encontrei Jurema. Desde então Ju faz parte do nosso dia a dia. Há um ano que somos agraciados com sua presença, sua ousadia, seus sumiços (quando fugiu de casa por três vezes, mas retornou). Noutra oportunidade posso escrever sobre seu temperamento forte, suas histórias de aventuras e sua relação conosco. Neste quero contar sobre um caso de amor que vive Jurema.
Ju ama Kalu! Kalu é uma exuberante calopsita que nos escolheu como sua família e seu lar. Encontramos Kalu sofrendo fome e sede numa casa de ração na cidade em que estudamos. Íamos com constância a dita casa para comprar ração para Bob, o nosso filho poodle, e Kalu cantava para nós e nos seguia até onde podia, dentro daquela gaiola que representava seu cárcere e sofrer. Olhava para nós com olhar meigo e realmente ele o é, sempre foi. Conseguimos trazê-lo para casa. Confesso que de início Jurema o rejeitava, defendia seu território, afirma seu espaço, seu lugar e manifestava medo de perder espaço e a nossa atenção. Brigavam muito e por tudo! Pelo espaço, pela comida, pelo espelho, apesar de ser enorme. Jurema tinha muito ciúme da nossa relação com Kalu e este também demonstrava ciúme de nossa relação com Ju. Pensávamos que os dois jamais seriam amigos.
(Saibam que além das calôs, também há entre nós periquitos australianos, mas noutra oportunidade escrevo sobre eles, quem chegou, quem já se foi, suas maneiras relacionais e comportamentais e suas histórias, aventuras, travessuras.)
Até que depois de aproximadamente três meses que Kalu habitava em nosso meio e após brigas infindáveis e estresses desnecessários, algo da relação entre eles começara a mudar. É que Ju iniciara sua intenção de acasalamento e, de forma ritualística e formosa, levantara suas belas penas do rabo, inclinando-as. Seu penacho ficara baixo, indicando relaxamento e cantava, cantava, cantava chamando aquele que pudesse lhe saciar a sede de amor que ardia em seu peito. Acontece que ela é mais velha, Kalu bem mais novo e ainda não desperta vontade de cruzamento. Todavia, Kalu lhe proporcionara uma esperança, ele cantou magnificamente, cantou como calô nenhuma jamais entoara seu canto original. Olhava para Jurema e assobiava de peito cheio, amor nos olhos e melodias encantadoras.
Desde esse dia que os dois estão bem juntos... que Jurema lhe chega perto e baixa sua cabeça para Kaluzinho lhe fazer carícias e o mesmo faz ele para que ela o oferte o que de mais belo pode ser ofertado, amor e afeto. Jurema aguarda ansiosa o dia em que poderá fazer filhos com Kalu, que hoje já está quase pronto para seu primeiro ritual de acasalamento.
É lindo observar o mundo das aves que vivem, que moram conosco.
Whallison Rodrigues
Redenção, 10 de março de 2020.
Jurema vive conosco há um ano. Certa tarde, de súbito, desejamos ter como companheira inseparável de nossos quotidianos uma calopsita. No instante do ápice da vontade tivemos a oportunidade e eu saí de casa, quando raiava ardente sol, e encontrei Jurema. Desde então Ju faz parte do nosso dia a dia. Há um ano que somos agraciados com sua presença, sua ousadia, seus sumiços (quando fugiu de casa por três vezes, mas retornou). Noutra oportunidade posso escrever sobre seu temperamento forte, suas histórias de aventuras e sua relação conosco. Neste quero contar sobre um caso de amor que vive Jurema.
Ju ama Kalu! Kalu é uma exuberante calopsita que nos escolheu como sua família e seu lar. Encontramos Kalu sofrendo fome e sede numa casa de ração na cidade em que estudamos. Íamos com constância a dita casa para comprar ração para Bob, o nosso filho poodle, e Kalu cantava para nós e nos seguia até onde podia, dentro daquela gaiola que representava seu cárcere e sofrer. Olhava para nós com olhar meigo e realmente ele o é, sempre foi. Conseguimos trazê-lo para casa. Confesso que de início Jurema o rejeitava, defendia seu território, afirma seu espaço, seu lugar e manifestava medo de perder espaço e a nossa atenção. Brigavam muito e por tudo! Pelo espaço, pela comida, pelo espelho, apesar de ser enorme. Jurema tinha muito ciúme da nossa relação com Kalu e este também demonstrava ciúme de nossa relação com Ju. Pensávamos que os dois jamais seriam amigos.
(Saibam que além das calôs, também há entre nós periquitos australianos, mas noutra oportunidade escrevo sobre eles, quem chegou, quem já se foi, suas maneiras relacionais e comportamentais e suas histórias, aventuras, travessuras.)
Até que depois de aproximadamente três meses que Kalu habitava em nosso meio e após brigas infindáveis e estresses desnecessários, algo da relação entre eles começara a mudar. É que Ju iniciara sua intenção de acasalamento e, de forma ritualística e formosa, levantara suas belas penas do rabo, inclinando-as. Seu penacho ficara baixo, indicando relaxamento e cantava, cantava, cantava chamando aquele que pudesse lhe saciar a sede de amor que ardia em seu peito. Acontece que ela é mais velha, Kalu bem mais novo e ainda não desperta vontade de cruzamento. Todavia, Kalu lhe proporcionara uma esperança, ele cantou magnificamente, cantou como calô nenhuma jamais entoara seu canto original. Olhava para Jurema e assobiava de peito cheio, amor nos olhos e melodias encantadoras.
Desde esse dia que os dois estão bem juntos... que Jurema lhe chega perto e baixa sua cabeça para Kaluzinho lhe fazer carícias e o mesmo faz ele para que ela o oferte o que de mais belo pode ser ofertado, amor e afeto. Jurema aguarda ansiosa o dia em que poderá fazer filhos com Kalu, que hoje já está quase pronto para seu primeiro ritual de acasalamento.
É lindo observar o mundo das aves que vivem, que moram conosco.
Whallison Rodrigues
Redenção, 10 de março de 2020.