O presente de natal

Era véspera de Natal. O dia amanhecera chuvoso. A neblina cobria a copa das árvores. A borboletinha voava rasante. Seus pensamentos estavam perdidos. Sonhava. Seria o primeiro Natal juntos. Tudo estava perfeito, imaginava o sorriso dele ao vê-la chegar voando, radiante... Feliz. Enfim, percebeu que a chuva tinha diminuído, bateu fortemente as asas, respirava o ar puro das montanhas. As gotículas de água batiam-lhe nas asinhas azuis.

Chegou. Respirou fundo. Lá estava ele... Os cabelos revoltos caíam-lhe sobre a testa. Esboçava um sorriso tímido, mas a alegria não estava estampada no seu rosto, ela emanava do olhar. Juntos caminharam lado a lado, de mãozinhas dadas, iam rindo pelo caminho até que, ao longe, no alto de uma montanha, avistaram a linda casinha branca.

Era uma casinha pequena, branca, tinha uma portinha de madeira e um jardinzinho dava-lhe um ar de aconchego e segurança. Chegando lá o Grilo abriu a portinha e antes de entrarem ele lembrou-se que precisava trazer lenha para se aquecerem na noite de Natal. Assim, ele deu-lhe um beijo e disse:

“volto ao anoitecer”. Dito isso, adentrou a floresta.

A linda borboleta azul lembrou-se que não tinha trazido nenhum presente de Natal para o Grilo, e desesperada se pôs a pensar o que poderia fazer para surpreendê-lo na Noite de Natal. Pensou... Pensou... Pensou...

“AH, já sei” – disse a borboleta em voz alta.

“Vou arrumar a casinha, deixá-la muito bonita e limpinha, deixarei tudo perfeito para a noite de Natal”. E logo se pôs a concluir a tarefa. Varreu... Espanou... Lavou... Organizou tudo perfeitamente. Pronto! A casinha branca estava irreconhecível! A borboleta se exultava de alegria imaginando a felicidade do Grilo ao ver sua casa branca perfeita!

Mas, caro leitor... As coisas não saíram como a linda borboleta tinha planejado...

A noite estava caindo, a chuva fina voltava a respingar o telhadinho da casinha branca, e a borboleta esta radiante, tinha decorado a mesa com enfeites de natal, cozinhado um delicioso legume com frutas e até conseguiu uma bebida para brindar com o Grilo.

“Toc... toc...” Cheguei com a lenha – avisou o Grilo.

E quando ele adentrou a casinha branca sua alegria desaparecera da face. Seu sorriso de outrora fora apagado. Estava pálido igual a um fantasma!

Começou a andar pela casa dizendo: “o que aconteceu com minhas coisas? E minha poltrona favorita ao lado da lareira? Meu cachimbo? Meu livro na cabeceira da cama?” e andava pela casa de um lado para o outro, estava em choque!

A borboleta olhava atônita para o Grilo. Jamais imaginava que ele teria tal reação! Ousou tentar explicar-se dizendo que aquele era seu presente de natal, mas ele não mais ouvia. Sentindo-se perdido saiu correndo pela noite escura deixando para trás a linda borboleta azul.

Assim, terminou a noite de Natal da borboleta e do Grilo, mas caro leitor não pense que a borboleta ficou sem seu presente. Quando ela acordou pela manhã encontrou uma xícara de café bem quentinho, fumegante, e junto dele um envelope escrito: O presente de Natal.

Ela sentou-se na poltrona e abriu o envelope com as patinhas trêmulas. Quem teria deixado? Curiosa abriu a cartinha e leu em voz alta:

Querida Borboleta,

Quero que saiba que você foi o melhor presente de Natal que eu poderia ganhar, mas infelizmente, não posso oferecer tudo que deseja. Às vezes, o presente que mais precisamos é que nos aceite como somos, sem que queiram nos modificar, nem mudar nossa casa, trocar as coisas de lugar...

Voe borboleta... Voe bem alto... Seja feliz!

Com amor

Grilo.

Ao ler à carta, as lágrimas da borboleta inundavam seus olhinhos, tinha percebido que ganhara o maior presente de natal do Grilo: uma lição de vida! Aprendera que nem todos os grilos precisam ser salvos, que nem todos eles pedem socorro, mas todos precisam ser amados e aceitos pelo que são. E assim, a borboleta aprendera uma grande lição. Seguindo o conselho do grilo voou bem alto, para bem longe, deixando para trás, no alto da montanha, a linda casinha branca.

CLAUDIACHIARION
Enviado por CLAUDIACHIARION em 06/01/2020
Código do texto: T6835630
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