Dona Jabota e Sr. Jabuti

Na região central do Brasil, mais especificamente no estado do Tocantins, existe uma vegetação chamada cerrado. Nela há diversas árvores, a maioria, com galhos retorcidos, casca e folhas grossas, algumas de altura mediana, outras baixas, e outras, rasteiras.

Dentre as árvores grandes encontram-se o jatobá e o pequizeiro, ambas têm frutos muito apreciados por animais do cerrado e por pessoas do lugar.

Mas existem outras árvores de porte menor e também frutíferas, nessa classe encontra-se o puçá. Ele é bastante conhecido pois, seus frutos nascem diretamente do caule e têm cor roxa, assim como a jabuticaba. Aliás, ele é chamado na região, de “jabuticaba do mato”, e seus frutos são bastante apreciados por diversos animais típicos do lugar como veado, tatu e o jabuti.

Este último pertence à classe dos répteis, mais especificamente ao grupo dos quelônios, por ser coberto por um casco muito resistente. O jabuti é uma espécie de tartaruga terrestre. Seu casco é de cor preta com manchas vermelhas ou amareladas. Suas patas são curtas e por isso ele anda devagar e quando está ameaçado esconde a cabeça e as patas dentro do próprio casco. Assim se sente protegido.

Certo dia um jabuti solitário andava pelo cerrado à procura de uma jabota. Ele sentia necessidade de ter alguém ao seu lado para formar uma família. E anda para cá, anda para lá, olha daqui, olha dali...De repente viu uma jabota linda! Pensou...Pensou... Hum!, ela serve para ser mãe dos meus filhos.

Chegou perto da jabota, conversou com ela, usando a comunicação específica dos jabutis. A jabotinha entendeu sua mensagem, logo o casal estava juntinho. Os dois se amaram e formaram um belo par, ou melhor, formaram uma família. A partir daí passaram a ser chamados seu Jabuti e dona Jabota. Passaram para a fase adulta, de respeito e responsabilidade.

Como já eram considerados marido e mulher, resolveram fazer sua toca, ou seja, sua morada, embaixo de um pé de puçá. Ali se sentiriam acomodados e tranqüilos para viver e procriar, pois queriam ter filhos e naquele lugar a comida era mais fácil, logo, logo as frutinhas do puçá estariam caindo e eles gostavam muito dessa fruta.

Depois de alguns dias dona Jabota estava pronta para pôr ovos e assim aumentar sua família.

Os dois fizeram o ninho ao lado da toca. Juntaram folhas e capim para ficar mais aconchegante. Ela botou um, dois, três ovinhos... e foi chocá-los. Logo nasceriam seus lindos filhotes!

Era mês de setembro, muito calor, pouca comida. O puçazeiro ainda não tinha frutificado. Mas, o casal de jabuti no ninho de amor, vivia feliz! Até que a comida ali de perto se acabou por completo.

Certa manhã, seu Jabuti saiu cedo para procurar o que comer e demorou voltar. Dona Jabota estava com muita fome e resolveu procurar alimento também. Saiu do ninho e foi andando, andando... Nada de comida. Nem uma frutinha.

Já estava longe, quando ouviu um barulho. Parou, olhou em volta e viu pássaros voando apressados, bichos correndo, ela pensou:

_O que será isso? _ Olhou para um lado, para o outro, farejou no ar. _ Huuum... Cheiro de fumaça? O que será?... Meu Deus! É um incêndio!?

E começou andar com mais pressa. Mas por causa de suas pequenas patas, ela não conseguia correr. Então parou observou a direção do incêndio e teve a certeza que o fogo vinha do lado do seu ninho.

Não havia mais nada a fazer. Olhou em volta e viu uma toca bem funda feita por seu amigo tatu. Entrou nela e esperou o fogo passar.

Não demorou muito e as labaredas de fogo passaram por cima da toca onde estava dona Jabota. Ela ficou apavorada com tanta quentura e bravura do fogo.

Ficou pensativa! O que será que tinha acontecido com seus ovinhos e com seu querido jabuti?

Quando tudo acabou e se esfriou, ela saiu da toca e foi procurar seu ninho. Que tristeza! O fogo tinha queimado tudo, tudo: capim e árvores tinham virado cinzas e carvão, animais que não tinha conseguido fugir a tempo estavam todos carbonizados... Era uma tristeza só. A vida daquele cerrado tinha acabado.

Ela continuou andando rumo à sua morada. Estava ansiosa para ver o que tinha acontecido por lá. Ao chegar embaixo do puçazeiro, que decepção! Eu ninho estava todo queimado e ao lado estava o seu Jabuti morto, todo queimado. E seus ovos? Ah! os ovos tinham assado tanto com o calor do fogo que se quebraram.

A família de dona Jabota estava desfeita e ela sozinha no mundo.

Dona Jabota chorou, chorou, chorou muito. Depois de muito choro, ela pensou: não resta mais nada a fazer por eles, tenho que me conformar.

E pensar que tudo acabou assim porque colocaram fogo naquele cerrado?

Ela ficou a refletir: o homem não pensa na morte dos animais, não imagina como eles sofrem com as queimadas. Há se pudesse dar um jeito!

E cheia de coragem fez uma poesia e saiu escrevendo por vários lugares onde as pessoas passavam, na esperança que um dia aquela poesia poderia ser lida por todos as crianças, jovens, adultos e idosos que passassem por ali.

A poesia dizia assim:

“Gente que se sente gente,

não faz queimada não.

Não põe fogo nos bichos,

Nem na vegetação.

Quem faz essas coisas,

Não tem coração.”

E assim dona Jabota contribuiu com a preservação do meio ambiente. Sua poesia foi encontrada e lida por muitas pessoas. Agora ela está neste livro. Cabe a você lê-la e também distribuí-la com seus coleguinhas e sua família.

Vamos todos evitar as queimadas e não deixar tantos animais morrerem ou ficarem sem família e sem abrigo.

Elena Câmara
Enviado por Elena Câmara em 01/06/2019
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