A joaninha e o Outono

- Já é Outono...

Murmurou a joaninha, e não sem certa apreensão.

Que, afinal, o verde logo amarelará . E muito do que vai colorido cairá. E quase tudo cantará notas melancólicas através de dias cinzas e curtos, dias cada vez mais cinzas e curtos.

- E vocês, que farão?

Perguntou a joaninha para as flores, que pareciam não ter visto Outono algum.

- Continuaremos.

Disse uma.

- Que é só o que podemos fazer.

Emendou outra.

- E perderemos. Todas nós seremos terrivelmente derrotadas e ficaremos murchas e sem perfume.

Admitiu uma terceira.

- E quando for a hora - anunciou a mais nova delas - retornaremos.

A joaninha continuou apreensiva. E ia falar do Verão e do quanto ele era bom, tão bom que queria que durasse para sempre; deveria ter durado para sempre, não deveria? Que no Verão tudo era promessas e realizações, não era? E agora isso de Outono dava medo, só podia dar medo, bastante medo, não é verdade?

A joaninha ia falar. Contudo, olhando as flores ali, calmas sob o sol de Outono, a joaninha desconfiou que elas não se importavam. Elas, de algum jeito, simplesmente não se importavam.