Constatação
Ela agora andava radiante.
Era o que diziam. Reparavam nos olhos, no sorriso, nos gestos.
Não negava. Sim, estava feliz e até nos dias de tempestade, estava muito feliz.
Naquela tarde saiu do trabalho em busca dos badulaques para o novo ofício.
No trajeto, viu a entrada do prédio.
Pedras marrons, um meio arco, a porta de vidro.
Foi ali que o viu um dia.
Mudo, óculos de proteção, rosto de dor.
Foi ali que pensou em parar, em correr, em gritar, em falar, em desaparecer.
Na esquina do mundo, mais adiante, o procurou como sempre.
Na calçada da praça lembrou da última conversa.
Não o reconheceu.
Magro, abatido, olhar sem vida.
Na despedida, ela o abraçou não querendo que fosse.
No hotel com sofá laranja lembrou do sorriso de chegada.
Muitas vezes ficou parada na calçada do outro lado da rua. Sob a chuva, olhou o sofá, as portas de vidro e viu a ausência, o vazio.
Um som agudo a trouxe de volta ao presente.
Respirou com alívio. Riu nervosamente.
Era passado, logo ali, mas era passado.
A vida guarda surpresas inimagináveis.
Logo mais, ele a receberia com um abraço.
Logo mais, em família, ela se encantaria repetidas vezes com o som da voz, a fala dos olhos e o sorriso de espera.
Não havia dúvidas.
Amava.
E já fazia muito tempo.
Ela agora andava radiante.
Era o que diziam. Reparavam nos olhos, no sorriso, nos gestos.
Não negava. Sim, estava feliz e até nos dias de tempestade, estava muito feliz.
Naquela tarde saiu do trabalho em busca dos badulaques para o novo ofício.
No trajeto, viu a entrada do prédio.
Pedras marrons, um meio arco, a porta de vidro.
Foi ali que o viu um dia.
Mudo, óculos de proteção, rosto de dor.
Foi ali que pensou em parar, em correr, em gritar, em falar, em desaparecer.
Na esquina do mundo, mais adiante, o procurou como sempre.
Na calçada da praça lembrou da última conversa.
Não o reconheceu.
Magro, abatido, olhar sem vida.
Na despedida, ela o abraçou não querendo que fosse.
No hotel com sofá laranja lembrou do sorriso de chegada.
Muitas vezes ficou parada na calçada do outro lado da rua. Sob a chuva, olhou o sofá, as portas de vidro e viu a ausência, o vazio.
Um som agudo a trouxe de volta ao presente.
Respirou com alívio. Riu nervosamente.
Era passado, logo ali, mas era passado.
A vida guarda surpresas inimagináveis.
Logo mais, ele a receberia com um abraço.
Logo mais, em família, ela se encantaria repetidas vezes com o som da voz, a fala dos olhos e o sorriso de espera.
Não havia dúvidas.
Amava.
E já fazia muito tempo.