A ARMA E O PODER

Aconteceu de um jovem rapaz imaturo e inconsequente achar uma velha arma jogada em um matagal. Ele levou a arma velha para casa e sem contar a ninguém, limpou-a com cuidado e a guardou, pensando em fazer um bom negócio com ela. Ele pensou, primeiramente, em vendê-la a alguém que colessionasse ou precisasse de armas, mas, depois de alguns dias, de tanto olhar e namorá-la, acabou enfiando na cabeça de que ela poderia servir a ele de um bom instrumento para ganhar dinheiro. Uma arma, pensava ele, tornava-se um homem poderoso.

Tempos passaram-se e numa noite o jovem rapaz imaturo e inconsequente decidiu pegar a arma, escondê-la no cinto da calça e sair para provar o poder que poderia adquirir-se com ela. Nessa primeira noite, ele abordou um grupo de jovens que ia a uma festa e, bastando sacar a arma e apontá-la a eles, levou para casa relógios, pulseiras, brincos, anéis e uma boa quantia em dinheiro. Isso o deixou feliz, pois a arma, embora não havia munição alguma, era como o gênio da lâmpada de Aladim a realizar a ele dois, três ou mais desejos por noite. Dali por diante,cada vez mais prudente, procurava lugares onde havia rumores de pessoas de classes mais avançadas para incutir medo e tomar posse dos objetos a que eles portavam. Ao se sentir cada vez mais obsedado pelo poder adquirido pela velha arma de fogo, o jovem rapaz imaturo e inconsequente começou a arquitetar outros planos que fossem capazes de torná-lo rico e poderoso, igual a outros ladrões que ele ouvira falar..

Numa certa madrugada o jovem rapaz imaturo e inconsequente, que agora se transformara em ladrão, encontrou um jeito de invadir uma casa e fazer do chefe de família refém. Ele, com a arma na mão, pediu à esposa e os três filhos do refém que entregassem a ele todo o dinheiro que havia na casa, caso contrário mataria o chefe de família. A esposa, preocupada com o bem estar do marido, pegou todo o dinheiro que por lá existia e o entregou ao ladrão. A quantia, embora fosse grande, o ladrão não se deu por satisfeito e exigiu mais. Um dos jovens rapazes da família tirou do pescoço uma valiosa corrente de ouro e o entregou, tentando negociar com ele a liberdade do pai. O ladrão vendo que ainda podia conseguir mais coisas, ainda achou aquilo muito pouco. Uma das duas jovens moças da família tirou também do pescoço uma rica bijouteria e a entregou ao ladrão, mas ele achando isso também muito pouco não libertou o refém. A esposa preocupada, arriscou saber qual a quantia exata a que ele pretendesse para libertar o seu esposo e sair daquela casa deixando todos vivos. O ladrão deu risadas, viu que a arma dele metia medo em toda a família. Aquele clima hesitante dava a ele a certeza de que ele era realmente poderoso. Ele, porém, respondeu que queria um objeto valioso, se possível de ouro. O chefe de família, embora estivesse o tempo todo com a arma apontada na cabeça, disse seguramente trêmulo ao ladrão que nas gavetas de um velho armário, ali, naquela sala, havia um objeto muito valioso, qual ele guardava como recurso, caso a família necessitasse numa emergência. O ladrão sorriu alegre e pediu para que um dos três filhos do refém pegasse o objeto. O pai piscou furtivamente ao filho mais velho, pedindo-o que procurasse o objeto valioso em uma das gavetas. O filho mais velho, ao observar o piscar furtivo do pai, foi até o velho armário, abriu algumas gavetas e disse que entre os objetos dentro da gaveta não via ou sabia qual deles era o de ouro. O ladrão, portanto, ficou nervoso, ameaçando arrebentar o crânio do refém com a antiga arma. O refém, todavia, respirou fundo e disse que somente ele sabia qual entre os objetos da gaveta era o de ouro. O ladrão, vendo que a madrugada findava, apressou as coisas. Ele fez a esposa de refém no lugar do marido e o pediu que ele mesmo pegasse o rico objeto. O pai foi ao velho armário, abriu uma das gavetas e, rapidamente, sacou de dentro uma pistola semiautomática, apontando-a ao ladrão. O ladrão assustou e a esposa espertamente se afatou dele, indo ficar ao lado dos filhos, por trás do marido. O ladrão tentou ameaçá-los, mas o ex-refém percebendo que algo havia de estranho na velha arma do ladrão, apenas sorriu e apontou a pistola para ele. O ladrão acovardou-se e a partir dali acatou as ordens do ex-refém, jogando a arma no chão e colocando as mãos estendidas na parede. A esposa correu ao telefone eacionou a polícia, que, num piscar de olhos, apareceu na casa, fez a ocorrência e prendeu o ambicioso ladrão.

No cárcere, o jovem rapaz imaturo, inconsequente, ladrão e prisioneiro, aprendeu a lição de que uma arma não apenas dava o poder a alguém em adquirir coisas fáceis, através de assaltos, roubos ou assassinatos, mas também o poder de perder a liberdade.

MORAL DA HISTÓRIA: Qualquer arma é uma faca de dois gumes, pois ela fere a matéria e também o espírito humano.

Shicko Rodrigues
Enviado por Shicko Rodrigues em 25/04/2012
Reeditado em 25/04/2012
Código do texto: T3631831