O AMOR A ARTE

Numa cidade grande, em um recinto nobre de um hotel, realizava-se um importante encontro de escritores brasileiros afim de se discutirem sobre aspectos importantes da literatura. Nos entrementes de um dos intervalos dois escritores fizeram-se amigos e começaram a conversar tecendo comentários a respeito de uma das apresentações de um seminário feita por um renomeado escritor sobre o uso de novas técnicas e métodos para conseguir atingir os efeitos desejados e obter certos públicos leitores. Entre uma conversa e outra os dois acabaram conversando sobre as suas produções literárias. O primeiro perguntou ao segundo sobre o meio a que ele se utilizava para divulgar as suas produções literárias. O segundo respondeu que o meio a que ele utilizava era os sites, principalmente aqueles dirigidos especialmente aos escritores. O primeiro franziu a testa e como se protestasse o meio utilizado pelo segundo, refutou dizendo que jamais faria isso e que preferia editar os seus livros através das editoras utilizando todos os recursos editorias e gráficos. O segundo concordou com ele e disse que futuramente poderia a vir a pensar nos projetos editoriais gráficos, mas, por enquanto, continuaria a utilizar os métodos a que estava acostumado, pois os mesmos davam a ele bons resultados. O primeiro, ao ouvir o segundo falar sobre “bons resultados”, arregalou os olhos e, sem hesitar, perguntou se ele estaria a ganhar muito dinheiro utilizando os métodos eletrônicos. O segundo respondeu a ele que não, não ganhava dinheiro, masganhava um fiel público leitor. O primeiro deu risadas, pois, para ele, a criação literária haveria de render muito dinheiro, pois somente assim valorizaria o escritor que dedicava horas a fio de sua vida para servir-se aos leitores. O segundo contestou argumentando que a preciosidade do escritor não estaria no dinheiro, mas no número de leitores que o lê e o aprecia, comentando as suas produções literárias e contribuindo com o crescimento do autor através de suas críticas construtivas. E o segundo também remendava o argumento dizendo que através do meio eletrônico ele conhecia o universo de seus leitores e até quantos o seguiam diariamente. O primeiro ficou um pouco pensativo, mas depois continuou a insistir que o fazer literário casaria muito bem com o “fazer dinheiro” e tudo o que ele produzia ou viesse a produzir não seria para dar aos leitores de graça. Ele jamais postaria gratuitamente os seus textos em qualquer meio eletrônico.

Logo foi anunciada a continuação do Encontro, no recinto nobre do hotel. Os recentes amigos, o primeiro e o segundo, voltaram aos seus lugares e se silenciaram para assistirem a uma exposição verbal de outro escritor de renome internacional, qual, durante a sua fala, homenageou publicamente o primeiro devido a sua belíssima produção literária e o número de leitores que a apreciava através da internet, no Brasil e no mundo. O segundo, diante desse surpreendente episódio, refletiu o tanto que ele estava errado, pois, dali por diante ele atenderia a máxima ilustrada no fim do discurso do renomeado escritor: "A arte não tem preço, mas o apreço de quem a ama e a cultiva".

Shicko Rodrigues
Enviado por Shicko Rodrigues em 20/04/2012
Reeditado em 25/04/2012
Código do texto: T3624108