O CANTO DA SEREIA - parte III

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Lilith acordou extremamente angustiada. Era alta madrugada. Uma forte e torrencial chuva caia lá fora. Ventava muito. Raios cortavam o céu, em grande quantidade. E os trovões ribombavam incessantemente.

Como havia uma entrada, uma aparente pequena abertura no alto da gruta, a chuva caia lá de cima, para dentro da gruta. Pingos d'água da chuva tocavam forte no corpo de Lilith. Eram gelados, como gelado era o vento forte que entrava pela abertura da caverna, junto com respingos da chuva.

A água do riacho, no meio da gruta estava, também, agitada, batendo em ondas, de lá pra cá... Lilith olhava para toda aquela cena estranha, com uma enorme dor em seu peito, em seu coração. Sua mente estava atormentada e confusa, como aquele caos que a tempestade trazia com seu forte movimento.

Nesse tormento Lilith resolveu entrar mais profundamente na gruta. Seus olhos fosforescentes enxergavam no escuro; e enxergavam muito bem, como se dia fosse. Era um peixe. Uma mulher-peixe. Enxergava na escuridão profunda do mar. Ali na noite escura e turbulenta, não era diferente.

Aproveitando que as pedras estavam lisas pela água da chuva, melhor se movimentava. Ao invés de tornar difícil seu trajeto, rastejar nas pedras molhadas era mais fácil do que quando estavam secas.

Foi se arrastando, meio que engatinhando, com as mãos e as nadadeiras, remexendo os quadris, como se nadasse sobre as pedras lisas. Movimentos rápidos, de modo que em pouco tempo estava bem mais afastada da entrada e do canto em que adormecera.

Quanto mais se aprofundava na caverna, mais alta ela ficava, e mais estalactites, multicoloridas desciam do teto; de suas pontas finas respingavam com abundancia as águas da chuva, que continuava caindo torrencialmente.

Lilith admirava tudo maravilhada. Porém seu peito angustiado não parava de doer. Começou a questionar qual seria o motivo daquela dor tão intensa. Porque estar na gruta com uma chuva tão forte a incomodava tanto? Não lhe vinham respostas. Apenas a dor continuava forte em seu coração, enquanto lágrimas desciam de seus olhos abundantemente, como as águas da chuva que pingavam das estalactites.

Então, sem mais forças para continuar. Coração em desespero. Mente atormentada... Lilith, sobre uma grande pedra lisa, caiu de bruços; peito e rosto batendo forte na pedra, desmaiou...

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Lilith Guerreira
Enviado por Lilith Guerreira em 27/11/2018
Reeditado em 27/11/2018
Código do texto: T6513503
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