Desejo de uma noite
Cobri seu corpo com meu olhar de desejo. Assustado, perdido, fora de contexto. Quis saber o que fazer com minhas mãos, quis devassa-la com mais do que o meu olhar, mas me retive em meu canto, enquanto ela dançava sobre mim, com a carne completamente exposta, e com as sombras lhe envolvendo. Quis fecundar-lhe as flores com minha semente e me perder naqueles olhos em que eu não conseguia me encontrar. Contrariado, esperei que se deitasse ao meu lado e se entregasse a algo que eu sabia que ela sequer estava disposta. Talvez a naturalidade lhe assustasse mais do que a mim mesmo. Talvez a entrega e o desespero de não saber onde se agarrar fosse demais para ela. Mas eu continuava preso a ela e eu enlouquecia com minha própria ansiedade por não saber o que fazer.
Sempre gostei de ter minhas certezas,
mesmo as que eu sabia que não podia me apegar.
Mesmo sabendo que estaria só,
ao acordar.