FINITUDE (Série Filosofiando Ideias) ROBERTA LESSA
O tempo ocorre impune e independente dos desejos de quem vivencia por entre seus segundos; deixa como legado deléveis registros talhados em faces que jamais ocultarão caminhos e caminhadas.
Eis um dos dilemas entre o ser e o existir, onde nada se agrega a não ser memórias "saborizadas" pela finitude muitas vezes sequer percebida ou considerada até que chegue ou acidentalmente finde o ciclo da vida.
O que somos se não somos desses segundos passageiros e sentidos literalmente à flor da pele, dando-nos formas que à priori nos deixam certeza de eternidade, mas que com o mover da vida nega-nos o existir.
Por vezes justificamos a essência ousando o perpétuo existir, e percebemos no final da frase do tempo o ponto final, queremos a eternidade para negar a finitude, deixando-a sempre adiada para depois.
Nesse jogo de palavras metafóricas pudemos ludibriar tentar o tempo e sermos senhores desses segundos letais com o existir e equivocadamente falaciamos com a morte, sem sequer negociarmos legados.
O sabor das eras causa um breve despertar que deixamos de considerar pelo temor aos reflexos tumultuados e janelas pouco ensolaradas por virem; o que causa repulsa por sabermos "finitesimais e apregoados pelo desterro. carnal.
Se assim o somos, finitos, gerar conceitos que inutilmente tentam girar contrário à roda da vida não surtirá o efeito desejado, pois nada mais será que inapropriada gana de liberdade dos grilhões do tempo.