TESOUROS (Série Filosofiando Ideias) ROBERTA LESSA/MARIPENNA

Enquanto consideramos nossos tesouros como tal, eles verdadeiramente o serão; com o tempo novos valores chegam e desenvolvemos outras percepções com eles. Isso sim nos torna verdadeiros guardiões de nossos tesouros, mesmo que temporários nos são caros e raros.

Sempre teremos espaços para novas descobertas e entre erros e acertos seguimos em frente mesmo que sequiosos por não termos perdas e danos, nem percebemos que nossos tesouros são infindos, mesmo que alguns deles por razões diversas deixem de assim sê-los.

Muitos são tão ínfimos que sequer notamos, apenas vivenciando-os cotidianamente; outros tão visíveis que chegam ofuscar nossas percepções, há os eternos que ficam compartimentados na memória afetiva, outros são tesouros voláteis sublimando em segundos num breve respirar ou piscar de olhos.

Ocorre porém de sermos marotos com as circunstâncias e desvalorizamos a sorte que nos é legada, pois deixamos parte de nossos tesouros relegados ao esquecimento e mecanicamente deixamos de considerá-los como parte de tudo o que somos e temos.

Há os que se apegam de tal forma que jamais saberão o sabor de desfrutar na vida as possibilidades de tecer outros padrões de valores que libertem ao invés da conversão em escravos de um tesouro que jamais possuirá pelo fato de sua volatilidade.

Julgamos-nos em poder quando obtemos algo, mas quem realmente é detentor do que somos, se nessas circunstâncias viciosas nos tornamos adictos incuráveis e ludibriados pelas obras que jamais teremos, pois ao invés de possuí-las, por elas somos possuídos.

Assim, seguimos em frente, entre um passado e futuro que nos deixam marcas, esperanças e forças para seguir pelo presente, e muitos de nós jamais priorizará o pensar, pois vivenciam apenas o aparente das coisas que pensam serem detentores, mas que na verdade escapam de suas mãos.

EM DIÁLOGO COM O TEXTO "FALSO TESOURO", DE AUTORIA DE MARIPENNA.