Dóditche #005: NO FINAL É TUDO CINZAS
"Um poema dedicado ao meu amigo Antônio Chromy Néscius*, ou como carinhosamente costumamos chamá-lo, Acrominécio. Aqui tento em versos, exprimir seu pensamento e angústia."
Dóditche #005: NO FINAL É TUDO CINZAS
*
O esquecimento é má virtude,
demérito que é muito forte,
que, da vida, é o passaporte,
de sem vida, inquietude.
Um desdém que não me ilude,
Há sempre alguém que conforte.
Vem de modo superficial,
com ares de algo profundo,
mas, de supérfluo social,
que, às vezes té me confundo.
Se em vida, essa atitude,
imagine após a morte!
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De mão dupla, é a amizade,
É mais que seguro porto.
É pra harmonia o transporte,
que às vezes é, sem ter sido,
o porto do desvalido,
a âncora, firme suporte.
Nos causa mui desconforto.
O agir com falsidade,
mas é, pra nós, um conforto
o trato com lealdade.
Se em vida já sou esquecido,
Imagine pós a morte!
***
Sinto-me qual estivesse
de tudo aqui bem distante,
dentro, um vazio constante
como a me tomar quisesse.
Assim, o ânimo esmorece,
Me sobrevém num rompante
E, do roçar da atrevida,
Do viver, já sinto o corte
Sem a qualidade devida,
Estou entregue à própria sorte.
Se já sou esquecido em vida,
imagina, pós a morte!
Dóditche #005:
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(*) Nome real do amigo preservado através deste codinome.
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Dóditche da Capo Lapidado é criação do Poeta Bosco Esmeraldo. É um estilo híbrido entre o Dódeca (de Aila Brito e este autor) e o Extrato da Capo Garimpado também deste autor.
Rimada:
[ABABCDDCDCAB]
[EFFE GH GHGH EF]
[IJJIIJ KLLK LK]
ou
[ABBAABCDCDAB]
[EFFE GH GHGH EF]
[IJJIIJ KLLK LK]