"Carpe Diem"

Disse-me a mesa:

"_Não me julgue só mesa,

não pretendo ser só madeira.

Apóio sua forma, sua maneira.

Deixe-me entrar..."

Que modos, os desta mesa!

Cobra-me tanta atenção.

Onde já se viu tamanha ausência de padrão?

"_Espera que eu me afeiçoe a você?

Seria um disparate!"

A mesa então,

perdeu sua rigidez,

seu sustento:

"_Você é menos humana que eu.

Cruel.

Sangue gelado."

Tanta carência havia naquela mesa...

uma mesa quadrada

de um só pé.

Fixei o olhar em suas nervuras,

no brilho de seu verniz.

Compadeci-me de suas dores:

"_Eu não sabia de seus valores.."

A mesa deu-me seu perdão.

Fui absolvida pela matéria bruta:

"_Você me cala facilmente.

Ateia-me fogo,

inunda-me até que eu me dissolva.

Meu destino foi escrito assim.

Já o seu...

O que queimar?"

Doloresnervosa
Enviado por Doloresnervosa em 25/07/2014
Código do texto: T4895937
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