"Carpe Diem"
Disse-me a mesa:
"_Não me julgue só mesa,
não pretendo ser só madeira.
Apóio sua forma, sua maneira.
Deixe-me entrar..."
Que modos, os desta mesa!
Cobra-me tanta atenção.
Onde já se viu tamanha ausência de padrão?
"_Espera que eu me afeiçoe a você?
Seria um disparate!"
A mesa então,
perdeu sua rigidez,
seu sustento:
"_Você é menos humana que eu.
Cruel.
Sangue gelado."
Tanta carência havia naquela mesa...
uma mesa quadrada
de um só pé.
Fixei o olhar em suas nervuras,
no brilho de seu verniz.
Compadeci-me de suas dores:
"_Eu não sabia de seus valores.."
A mesa deu-me seu perdão.
Fui absolvida pela matéria bruta:
"_Você me cala facilmente.
Ateia-me fogo,
inunda-me até que eu me dissolva.
Meu destino foi escrito assim.
Já o seu...
O que queimar?"