I ain't no nice guy after all
Quase três da manhã de uma sexta feira de abril.
Acabou-se a cerveja.
Sigo bebendo um licor que eu mesmo fiz.
Na verdade, apenas um fermentado, que aprendi a fazer pela internet. (Para algo de bom ela tinha que servir, afinal).
A Bebida tem um gosto forte de canela, para disfarçar o pouco tempo de maturação que lhe dei.
Bebo e me pergunto porque estou acordado. Pensando ainda naquela mulher, quatrocentos e tantos km a leste.
quase quinhentos...
Pensando em dormir e acordar enrolado em seus braços,
perdidos entre seus cabelos,
com as costas ardendo, marcada por suas unhas,
algumas roídas, e outras mal cortadas... com o esmalte vermelho, cheio de buracos.
Eu me pergunto, como vim parar aqui.
... onde vou terminar,
e se mereço terminar nos braços dela.
I aint no nice guy after all... (como diz a música)
Termino o copo de licor... e o gosto de canela chega a incomodar,
descendo garganta abaixo.
Queria uma bebida menos doce.
Queria dias mais fluidos e um céu mais azul.
Tudo que eu queria agora, na verdade
era o cheiro de maresia,
acompanhado do som dos passos daquela garota,
correndo em minha direção...
me dizendo que me amava,
sendo eu, um bom rapaz,
ou não.