Desaparecida
Em silêncio, ela rastejou e subiu pelo meu corpo.
Havia suor, saindo de meus poros,
mas não importava, para ela.
Mais alguns passos e estava em cima do meu peito,
e me olhava, com os olhos mais cinzentos que eu já vi.
Eu não podia me mexer, estava preso,
como naqueles episódios de paralisia do sono.
Ela se reteve ali por alguns instantes, me encarando
como se tivesse algo a me dizer.
Então começou a se dissolver, enquanto eu recobrava o controle do meu corpo.
Tentei agarrá-la com meus braços,
mas ela já tinha desaparecido.
Chamei, mas não me deu ouvidos.
Cruelmente, ela havia me deixado há alguns meses
e vinha todas as noites me visitar,
sem se deixar tocar pelos meus dedos.
Perdi o sono, como de costume.
Permaneceria acordado, olhando pela janela e esperando,
que minha inspiração voltasse
e eu pudesse viver de novo.