Carta ao velho leitor

Espero que a cegonha não tenha trazido a minha carta tarde demais.

Voa, voa mais alto que o menor cogumelo e verás melhor do que muita gente

Olhe no espelho e se finja de cego, imagine alguém mais belo

E se pensar nela, aquela que tu tens vergonha de dizer o nome

Mas que tens tanta fome dela que quando ela passa garoando

Nenhum home arretado ou cabra macho irá impedir que você grite,

Com os lábios cerrados, que a ama..... ah é aquela garoa fina vai lhe trazer sinusite

Vai lhe entupir os bueiros.... já abarrotados de lixo

Mas não se assuste com a torrente no meio fio das ruas, nas sarjetas

Soltas um barquinho de papel

Vês onde termina

E se passares do bojador da dor

Irás ancorar na Ilha Dos Amores

E ela ....nevando, tamanha a falta de calor humano

Vai te aprisionar feito passarinho na gaiola

Que com água e comida à vontade, canta feliz a prisão que lhe traz conforto

Então a poesia lhe será inútil

Porque Camões é um camaleão

Homero é um mentiroso

E eu?Sou você.

Com melaço de cano e afeto,

O poeta.