corcundinha sacana

a cada olhar

a cada palmo

a cada dor

arremedo arrepiado

de nós desfeitos

pelo sonho do futuro

e a cada sonho

a cada respiro

a cada pó

que não se fez

desmoronam-se símbolos

zipados em caixas pretas

longínquas

tão afogados

quanto

o vôo nosso de cada dia

e pulsa no horizonte rosáceo

à espera do enigma

um doce segredo

chancelado em pele

nova

( existe um corcundinha sacana a manusear cada relógio

humano)