O despertar de um cão
O despertar de um cão
Todos os dias nos levantamos e, na cabeça, vários objetivos. Logo cedo tomamos aquele café da manhã e corremos para o trabalho, onde convivemos com outro público, com outras metas. Cumprimentamos a todos, às vezes por educação, mas não conhecemos ninguém porque não os olhamos no rosto.
Ao meio-dia retornamos às nossas casas para o almoço e, na maioria das vezes, não dá para almoçarmos juntos, mas o cão sempre está lá, nos olhando almoçar. Às vezes falamos: para de espiar, cachorro!
À tarde voltamos novamente do trabalho, termina sendo uma rotina em que nos deixamos cair, ainda que seja o mesmo trabalho, o mesmo horário, a mesma escola. Não há necessidade de nos deixarmos cair nessa mesmice. Se observássemos, os mínimos detalhes, as mínimas coisas, as coisas mais simples da vida, com certeza seríamos mais felizes.
Muitas coisas deixamos passar despercebidas. Outro dia eu parei por trinta minutos, sentei-me na varanda da minha casa e comecei a observar a minha cachorra, a Kethy, o tempo, as árvores, tudo ao meu redor, quando de repente começou a chover. A Kethy estava com seis meses e nunca tinha visto chuva. Ficou assustada e começou a latir e a andar de um lado para o outro me olhando. Naquele momento caiu a fixa e me perguntei: quantas coisas deixei passar despercebidas? Quando meus filhos viram a chuva pela primeira vez, qual foi a reação deles? Quantas mudanças positivas e negativas ocorreram na natureza e eu não me dei conta? Existem coisas que são únicas, não tem como ter replay, ou seja, não tem como voltar no tempo. Sei que existem prioridades, e às vezes não damos prioridade a nós mesmos.
Assim percebi que a natureza é viva e que a estamos matando. Não conseguimos ficar cinco minutos sem respirar, porém estamos poluindo o nosso ar; não conseguimos ficar 24 horas sem beber e estamos poluindo os nossos mananciais; não conseguimos ficar uma semana sem nos alimentar, porém estamos destruindo nossos solos. Chegou a hora de dar um basta a todas as ignorâncias, porque o nosso planeta pede socorro.
Autora: Marilene Alves Ramos Dias
Gurupi 27/09/2008