DIANTE DE JESUS

De tanto pedir, implorar, orar, fazer promessas, finalmente Jesus apareceu a minha frente. Não veio com tanto esplendor como eu esperava, nem com tanta luz a sua volta, nem com anjos tocando e cantando musicas celestiais, nem com roupas deslumbrantes.

Estava eu sentado no chão, coração apertado ante as angustias do dia a dia, as perguntas de onde eu vim, para que estou aqui e quando irei embora.

Reconheci-O pelo olhar. Ah. esse olhar...não fere mas foi fundo na alma. Nenhum dedo apontando para mim, mas sentia um toque no meu peito. Apenas o olhar. Não conseguindo encara-Lo de frente, abaixei meus olhos e comecei a chorar. Não conseguia fazer outra coisa. Ele pacientemente esperou que eu cessasse aquele choro. Eu não sabia se era de vergonha, se era de surpresa, ou sei lá do que fosse.

Finalmente quando me recompus, ouvi-O falar comigo. Não era com palavras que saem da boca. Eu ouvia dentro de mim. Era um eco que retumbava, um trovão que sacudia. Mas em nenhum momento eu me senti ameaçado pela força com que me atingia.

- Vim atender o seu pedido de querer falar comigo, de homem para homem, como você pediu. – O que você faz agora é só chorar. Olhe para mim Edson. Gosto de olhar nos olhos das pessoas, gosto de sentir o carinho delas, de sentir a maciez da sua mão. – Eu também gosto muito de carinho, gosto de receber um abraço, gosto de ler as poesias que você faz.

- Sabe Edson, eu sei que é difícil para você querer entender-me. As vezes fico imaginando se quando passei por aqui há 2000 anos, não era prematura a minha vinda. Mas eu segui o conselho do meu Pai, atendi o seu pedido, pois eu sabia que ELE tinha e tem a certeza de que aquela época foi o momento oportuno, foi necessário e daquela maneira a minha estadia entre todos os meus irmãos. – Olha Edson, não vou te esconder que em alguns momentos eu não tenha ficado triste. Vendo tantos amigos sofrerem; por fome, por miséria, por calunia, por traição, por inveja, por ciúmes, por crimes cometidos apenas pelo orgulho, pelo não querer levar desaforo pra casa, como diriam depois do ato cometido. – Eu sei que é muito constrangido ser ofendido sem nada ter feito. O sangue realmente sobe e daí as atitudes tomadas. Mas um dia você vai conseguir se controlar e não irá revidar, e o dia que você tiver esse controle, você perceberá que nada mais o irá atingi-lo. Só pelas experiências pelas quais você irá passar é que você conseguirá esse domínio, e isso vem devagar Edson, saber usar os sentimentos tanto para você como aos seus irmãos também o irá deixá-lo mais a vontade. Para que questionar tanto? Não há necessidade, mas isso só você ira descobrir. Não há como passar as minhas experiências pelas quais passei à você. Mas fique certo de que todos estão no caminho certo. Nosso Pai não fica torcendo para que seus filhos caiam. ELE está sempre apoiando e ajudando em cada decisão nossa. A nós só resta saber que decisão tomar. Porque o que nos define como homens, é como iremos nos erguer após uma queda. Pense nisso Edson. – Acho que já falei demais e você ate agora não me fez nenhuma pergunta, e ontem você em pensamento disse que tinha mil perguntas para mim. Mas eu o compreendo e agradeço por você estar aqui comigo. Hoje fiquei um pouco mais feliz por esses momentos ao seu lado. Agora levante-se e me de um abraço bem apertado, e fique com a certeza de que sempre estou ao seu lado e ao lado de todos, basta um pensamento em meu nome.

P.S. Não há como não dizer que quando senti a vontade de escrever, as lagrimas não rolaram após o final desse texto. Foi mais uma experiência emocional na minha vida. Foi um alerta e um convite para eu mudar e controlar atitudes. Foi realmente um encontro comigo mesmo. Obrigado a esse amigo que me assistiu nesse momento. Assim seja.

Di Camargo, 27/03/2008

Di Camargo
Enviado por Di Camargo em 27/03/2008
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