Diadorim e Riobaldo, um diálogo possível
O Diadorim, o cê sabe que sou eu, num sabe?
Ō, se sei Riobaldo. Craro que sei. Ocē i pode imaginar que eu não sabia?
Ō Diadorim, num sei não. Só posso saber das coisas que vejo. I não vejo mais ocê mais por aqui. Inté pensei, matutei, aqui na minha cachola, qui océ inté tinha ido embora.
C é besta mesmo Riobaldo, como podia eu ir embora, c tu mantém eu preso aqui. Riobaldo, ocê já viu arve saí por aí andando? Já viu, feito moça solta, arve saí assim sem eira nem beira, feito bezerro desgarrado? Nunca que viu, né? Tú é besta mesmo, Riobaldo. Pensar num troço desse, só besta mesmo. I arre! Riobaldo, pensar num troço desses!
I eu Diadorim, i eu mantenho oce preso aqui, como é isso, esprica, por obséquio?
I Riobaldo, tu é besta mesmo. Tú a se imprimi cada coisa nas palavras que, pelo amor de nosso senhor, fica até que impossive de espricá. Eita homê atoilado. I como si esprica que uma arve num saí por ai, assim, andando, andando, como alguém sem pensamento firme na cabeça! Não, Riobaldo, a arve se prende na terra. Ela finca suas raíz e estabelece morada, num saí por ai, assim, andando. Homê atoilado ocê heim Riobaldo. Valhe-me o altíssimo! Pensar num troço desse, oxi!
Diadorim, Diadorim, vai bora não, fica, Diadorim
O se fico. Fico sim, fico sim, Riobaldo
I fica?
Se fico, Riobaldo
Então fica, fica sim, Diadorim
Fico, o se fico