Entrevista ÉRICO ALVES DE OLIVEIRA (Artes Plásticas) - SP

Érico Alves de Oliveira, artista plástico, tem um extenso trabalho em história da arte e filosofia universal. Tudo isso além de ser um artista com viagens internacionais. Atualmente faz pós-graduação na ECA-USP. Nessa entrevista exclusiva para Escobar Franelas, ele fala de metodologias, viagens e mostras, com a calma e o brilho no olhar que lhe são peculiares, quando fala de seu trabalho.

EF – Como foi o início de sua carreira?

EAO – Na verdade, eu desenho desde criança. Nesse aspecto, sou muito grato aos meus pais e alguns professores, que forneceram elementos para a minha formação.

EF – Que elementos foram esses?

EAO – Ah, eles me incentivaram muito em minhas aptidões, comprando aqueles kits básicos, os livros necessários... reservando um espaço para mim dentro de casa, para que que pudesse desenhar à vontade. Também viajei muito. Enfim, tive alguns privilégios que me permitiram adquirir muitas informações. Sabe, aquela coisa toda, uma biblioteca razoável, acesso às informações, e vai por aí...

EF – E quando sua carreira foi realmente alavancada?

EAO – Na adolescência fiz um curso na Escola Panamericana. Depois prestei vestibular para Filosofia. Passei mas não terminei. Então, fiz a Faculdade de Belas Artes, graduando-me em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas. Também fiz muitas oficinas, coletivas e workshops. Outro detalhe muito importante é que freqüentei muitos ateliês, como o de Geraldo de Sousa Dias, hoje na Alemanha. Por aí, percebe-se que nunca alavanquei nada, mas sim criei caminhos que foram sendo encurtados.

EF – E como é que é seu método de criação, se é que existe um?

EAO – Caminho muito, gosto do contato com as pessoas, conversar, observá-las. É dessa observação que crio o meu espaço e minha temporalidade, o sumo que depois vou trabalhar. Me confesso um artista multidisciplinar na busca do conhecimento. E a tela em branco é uma possibilidade por vir. E tento esgotar plasticamente essa possibilidade.

EF – E como o artista e o cidadão convivem com a política cultural, por exemplo?

EAO – Seria besteira cair no clichê da reclamação simplória. Mas a política como um todo chega a ser indigente, disso não tenho dúvida. Então, o que faço? Tento formar um público junto aos alunos do meu ateliê, meus amigos, nos fóruns e debates dos quais participo. Agora mesmo tenho um projeto de um museu comunitário aqui para a zona leste, onde os artistas da região e do underground teriam condições de mostrar seus trabalhos. A arte, tanto para o criador quanto para o gestor, não se esgota jamais. É um buscar constante, inerente ao ser humano, na busca de sua humanidade.

Notas complementares: a) Esta entrevista originalmente foi publicada no Jornal de Itaquera, SP, capital, nº 33, ano 3, agosto de 1999. b) À época, Érico Alves de Oliveira lançou as bases futuras do Museu Comunitário, em Ermelino Matarazzo, zona leste da capital paulistana. Desde então, o projeto está parado. c) Esta entrevista foi postada com pequenas correções ortográficas(conforme original).