Entrevista com Maria Dutra - Dezembro.

Com intuito de ampliar os horizontes dos próprios leitores e o nosso, estarei iniciando diálogos com pessoas do meio literário para tratar de questões importantes e sobre o trabalho do entrevistade. É importante essa conversa não só para “autopromoção”, mas para mostrar que todos estamos no mesmo no barco e a união faz a força.

O diálogo de hoje será com a ilustre Maria Dutra. Sem delongas, vamos lá.

1) Muito prazer, ilustre Maria, é uma honra esse meu novo projeto iniciar com a sua pessoa e tenho uma estima enorme pelo seu trabalho e pelo do Siqueira. Então, minha querida, conta aí pra gente quem é essa pessoa por trás das ilustrações. Não esconda nada haha.

Sou de Palmares / PE, mas atualmente moro no Rio de Janeiro. Tenho 42 anos, formada em prótese dentária e trabalhei bastante tempo com isso, mas hoje estou dedicada ao trabalho artístico e a minha família. Gosto de todo tipo de arte e tenho me dedicado à várias atividades como desenho, pintura, escultura e literatura. Adoro a mistura de fantasia com terror e criei diversos personagens que podem ser vistos em meu perfil no Instagram @mariafsdutra. Neste ano o presidente da Academia Poética Brasileira, Mario Lincoln, me concedeu a comenda Charlie Chaplin por indicação do escritor Adriano Siqueira, o qual temos parcerias muitos contos e desenhos.

2) É um prazer conhecer um pouquinho da artista das ilustrações que Adriano sempre posta. Maria, me explica, como foi se descobrir ilustradora? É desde pequena? Como começou?? Sua vez novamente!

Não me descobri desde pequena, é recente. Comecei meus ensaios artísticos em 2010, mas não fui adiante, retomei em 2019 e continuo na atividade esculpido e desenhando. Tenho dom para trabalhos manuais.

3) Nossa é maravilhoso conhecer os primeiros passos da sua carreira e creio que os leitores estão amando também. Explica para gente como funciona o mercado editorial para ilustradores, se tem muitas dificuldades por parte de quem contrata os serviços ou está tudo tranquilo??

Meus leitores têm apoiado muito os meus escritos. Desde que comecei eu sempre tive o carinho e o cuidado para dar a eles algo novo e criativo. Costumo passar um mundo onde eles podem se adaptar rapidamente. Meus desenhos ilustram muito do que vejo nas minhas histórias e nas artes em geral. Gosto de me desafiar sempre.

Se eu pudesse, faria artes todo os dias, mas a minha vida é bem corrida. Adoro desenhar e escrever. Temos sempre, é só se dedicando muito é que se conquista o nosso caminho. A editora Dark Books me abriu um espaço para mostrar um pouco do meu trabalho nesse ano de 2020, minhas artes estarão ilustrando o livro do Bestiário, uma antologia organizada pelo escritor James Gallagher Junior. Agradeço imensamente a oportunidade.

4) Realmente é uma visão do mercado que não tinha percebido ainda, de verdade. Espero não ter sido invasivo haha. Continuando, explica aí pra gente agora como é o seu processo criativo e se consegue fazer suas ilustrações escutando música como eu, ou prefere o silêncio?

Preciso de silêncio total para fazer qualquer atividade artística, seja escrita, desenhada ou esculpida. Nada pode me tirar a atenção quando estou produzindo. Meu foco é apenas na arte por isso prefiro produzir na parte da manhã que é quando a casa ainda está dormindo e só tem eu as tintas, os lápis o computador, os papéis e a criatividade e a xícara de café como companhia.

5) Eu gostei muito do seu processo criativo. Agora, Maria, é impossível não falarmos de política quando o assunto é posicionamento e voz, entende? Fiz um evento literário no meu IG nesse mês e discutíamos justamente isso. Gostaria saber de ti como você enxerga o Brasil hoje lidando com as diversas minorias e as questões ambientais. Existe uma saída para o nosso labirinto?

Atualmente está bem difícil falar de política porque estamos vivendo uma polarização muito radical, mas vamos lá. O governo atual com sua ideologia negacionista está muito pouco empenhando com as questões ambientais e menos ainda com as minorias.

Espero que possamos sobreviver a isso e que nas próximas eleições o povo seja capaz de fazer escolhas melhores.

6) Ainda sobre o assunto de representatividade, qual a sua opinião sobre a comunidade LGBTQIA+ e o negro crescendo pouco a cada dia no meio literário? A representatividade é importante?

A cada dia a luta contra o preconceito aumenta. E eu, desde o começo nas artes e nos meus textos, tento mostrar da minha forma que tudo deve ser visto com naturalidade pois faz parte de nossas vidas e que todos devem ter uma mente aberta para esses assuntos. Nas minhas histórias tenho personagens LGBTQIA+.

Criei a personagem Laiza, esposa da vampira Karina, personagem do Adriano Siqueira e elas têm um filho com por inseminação artificial com a amiga drag queen, Veileuse. Laiza é negra e assim como eu artista plástica, a Karina é branca, e nas histórias elas sempre mostram que esse relacionamento é algo que tem que ser encarado com naturalidade.

Vivemos em um mundo onde todos devem ser vistos como iguais. Nas minhas artes eu mostro também esse apoio a todos e espero que um dia todos possam ver com nitidez cada ser humano. Merecemos um mundo perfeito e aberto sem barreiras e sem discriminação. Todo o amor é algo maravilhoso e merece ser compartilhado e visto com respeito.

Somos todos merecedores do que plantamos e temos o direto de conquistar nossos ideias e sonhos independente do que amamos ou da cor. O mercado literário tem se aberto a isso. Eles têm que dar o exemplo e assim mostrar que o paraíso é construído com amor e não se deve ter muros e barreiras impostas por pessoas fechadas.

7) Seu posicionamento é muito importante, Maria, e todos ficam feliz com sua contribuição. Perdoe-me pela próxima pergunta, mas você tem contos escritos? Participa de antologias ou sua praia é somente as ilustrações?

A criatividade, a arte e as histórias devem estar em primeiro lugar, independente de quem a criou. Ou nunca chegaremos aos nossos destinos. Existe um mundo de ideias que ainda tem muito a dizer. O apoio à criatividade e as boas histórias tem que ser visto com igualdade

Além de ilustrações e participações em antologias como "Eles Existem", organizada pelo escritor James Gallagher Junior onde participei com o meu conto Escarlate, A mulher mariposa vampira. Também participei da Antologia do "Bestiário" com três contos: A lenda de Chygadcarius Oids, A lenda de Clariolimpa e A lenda do Sidoire, organizado também pelo James G. Júnior.

Participei também de duas antologias Idílico Concílio, organizada pela Rozz Messias e Ana Angélica Ferrazi, onde fui autora convidada e escrevi o conto: Amor Sidorial, baseado no meu personagem Sidoire que tem muitas histórias desenhos e uma bela escultura de argila de minha própria criação.

Participei também do Ebook: Contos e Poemas Extraordinários, organizado pela Rozz, o qual escrevi o conto o poema Paralelos.

E como você já pode ter percebido, além de escrever e desenhar, também gosto de esculturas.

8) Obrigado mesmo pelas palavras, não sabem o quanto aquecem o coração de todos. Então, nossa entrevista está chegando ao fim [penúltima pergunta, uma pena, de verdade], mas gostaria de saber quais as suas influências tanto como ilustradora, escritora e leitora? Quem você recomendaria e como tais obras te influenciaram?

Estou muito agradecida pelo convite para participar da sua entrevista

Sobre as minhas influências sempre gostei muito de arte. Admiro muitos pintores e artistas. O estilo que uso para os personagens que crio, tem uma semelhança com Jack kirby e o Moebius. Gosto também do Brian Boland.

Já sobre os escritores admiro muitos autores nacionais também. A linha juvenil do Monteiro Lobato, Flávia Muniz, e autores estrangeiros com estilos mais arrepiantes como o S. King, Anne Rice, Ira Levin, Richard Masterson, entre muitos outros

Procuro ser bem eclética no que faço, por isso é importante sempre estar de olho nas novidades

9) Chegamos ao final, uma pena mesmo [momento para pegar o lenço]. Obrigado mesmo, Maria, por nos conceder essa entrevista tão incrível. Qual a sua mensagem de amor e paz para todos sobre esse final de ano e 2021? Aliás, feliz natal atrasado e um próspero ano novo!!

Viva com arte, pois nos faz bem. É muito gostoso ter arte no nosso cotidiano, fazer arte nos traz leveza no coração e na alma. A arte melhora a vida independente da arte que goste E faça, seja escultura, pintura ou escrita, faca a sua arte com amor. A arte que você faz não é só sua, é de todos ... Se você ainda não descobriu a sua arte, comece hoje mesmo, escreva uma pequena frase de amor, carinho, afeto e mande para aquela pessoa que você gosta ou coloque em sua rede social. O carinho é para todos! Quem é que não gosta de receber?

Inclua a arte na sua vida, pesquise sobre o artista ou escritor que você gosta e se inspire nele. Faça arte com amor e carinho.

A arte é a coisa mais sublime do ser humano, então essa mensagem é para você: Viva com mais arte! Arte é vida, arte é amor, a arte está em você, se represente em arte.

Eu amo amar a arte. Faça da sua vida uma arte.

Guilherme Torres
Enviado por Guilherme Torres em 29/12/2020
Código do texto: T7147280
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