ENTREVISTA COM O RECANTISTA - JULIANA MONTENEGRO (CÓRDIA): O TURBILHÃO DE SENTIMENTOS E MAGIA
Com o intuito de divulgar excelentes recantistas, criei uma simples entrevista que aborda apenas temas relacionados à escrita. Enviei para meus recantistas favoritos. Todos leio por amor e muito gosto. Após ler a entrevista, sugiro que procure pelo trabalho dos autores entrevistados, pois além de amar seus textos, novos vínculos de leitores poderão nascer a partir desse contato.
A entrevistada da vez é alguém que há tempos queria aqui no quadro. Por motivos variados: seu talento é cativante. Seus enredos são emocionantes. Sua capacidade de encantar é altíssima e foi a primeira pessoa a me dar as boas-vindas no site Recanto das Letras. Jamais que ela ficaria de fora.
(Geralmente era sempre a primeira a apresentar o site aos novos integrantes. Um quindim de pessoa).
Professora, formada em pedagogia e geografia, já teve contos publicados em antologias, faz parte do famigerado grupo do "zap zap" onde só tem fera (tirando eu) e é até hoje uma das minhas autoras favoritas desde 2018. Fiquei muito feliz que ela prontamente aceitou o convite para ser entrevistada e rapidamente respondeu tudo dentro de nove meses kkkkkk.
CONHEÇA MAIS SOBRE JULIANA MONTENEGRO (CÓRDIA):
O TURBILHÃO DE SENTIMENTOS E MAGIA
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QUANDO VOCÊ COMEÇOU A ESCREVER?
Logo na primeira infância ganhei o hábito de escrever em diários. Parece simples, comum e talvez pouco especial, mas era a melhor forma de expressar meus sentimentos visto que sempre temi contar a outras pessoas e ser julgada por eles. Os diários me acompanharam até os 16 anos, nesse meio tempo algumas vezes me propus a escrever fábulas e pequenos contos entre os relatos afinal desde muito nova aprecio a leitura e escrever era como fazer parte de algo muito maior.
Os contos, que hoje tanto aprecio, são uma aventura recente. Comecei de fato escrever nos últimos 4 anos como uma resposta a lindos poemas, cartas e contos que recebia. Ao que parece, não deixarei de responder por muitos e muitos anos.
POR QUE VOCÊ ESCREVE?
Escrever para mim é organizar meus pensamentos e exteriorizar sentimentos que eu não consigo expressar verbalmente. Em meus textos eu consigo colocar pedacinhos meus e quem os lê conhece mais da escritora que do personagem em si. A escrita é minha melhor forma de dialogar e sempre será.
O QUE VOCÊ ESCREVE?
Particularmente gosto de contos. Narrativas mais longas que permitam uma maior riqueza de detalhes e a imersão do leitor no meu mundo. Não que outros gêneros me desagradem, mas eu sempre preferi a literalidade dos fatos que vez ou outra a poesia não me fornece, por exemplo. Aprecio a fantasia, a aventura, o suspense na medida certa e o amor... da forma mais pura e clichê que faça corações suspirarem.
Minha escrita é repleta de sonhos, é um universo onde posso realizar o que a realidade me tirou das mãos. Eu posso ser uma caçadora, uma viajante do tempo, a donzela em apuros ou a ninfa de sorriso limpido, posso ser a deusa da Verdade ou a garota deixada para trás, eu posso ser quem de fato eu sonhar e quando as paginas do conto se findarem, volto a ser a mesma Juliana de sempre.
COMO VOCÊ ESCREVE?
Agendas, cadernos de estudo e trabalho, blocos de notas. Quando surgem ideias eu sinto a necessidade de colocá-las no papel. As ideias precisam assentar na minha cabeça e no meu coração antes de se tornarem um conto, mas quando consigo de fato construir no pensamento passo horas e horas até de fato lapidar o texto. Não considero minha escrita constante, é sempre de rompantes criativos ou advinda de situações emocionalmente marcantes, para assim poder expressar-me através de um personagem.
POR QUE VOCÊ ESCREVE O QUE ESCREVE?
Tudo tem um porquê afinal. Hoje vejo meus escritos como respostas. Respostas de um pedido, respostas a desafios, respostas a declarações, respostas a sentimentos expressos, respostas a uma canção ouvida... eu escrevo o que escrevo pela necessidade de responder ao mundo que me cerca, usando palavras escritas e não verbalizadas, pois sei que através da escrita eu consigo de fato que leiam apenas aqueles que o destino deseja. Anos atrás o sonho era redigir um romance que contasse a história de amor mais marcante que pude viver, no entanto, o passar do tempo me mostrou que eu poderia expressar em linhas essa história de várias formas, e que não perderia em nada a magia de uma vida toda.
O QUE VOCÊ PRETENDE ESCREVENDO?
Tive a honra de ter um conto publicado em uma coletânea. Não era a pretensão, desde já antecipo, mas agradeço sempre a oportunidade que me fora dada. Costumo dizer que se uma pessoa apenas me ler, o sentido de escrever fora atingido, e se ninguém me ler? Já me sinto vitoriosa por ter organizado mais uma expressão do que sou em meio ao turbilhão que me defino.
SE INSPIRA EM ALGUM(A) AUTOR(A)?
Nora Roberts, sem dúvidas. Aos 14 anos conheci suas obras e sempre me encantei pela forma que ela me colocava em suas histórias. Uma característica que aprecio nela são as trilogias, encantadoras trilogias que somam facilmente mil páginas e que eu lia levemente. Imagine uma garota de 14 anos tendo em mãos as mais lindas histórias de amor e superação, cuja maior ânsia era o tão desejado final feliz? Ah, ela ainda me realiza depois de muitos anos e com certeza é uma inspiração a maneira que escrevo. Mas a motivação para escrever vem de outro escritor... mistério.
(Nota do entrevistador: eu acho que sei kkkkk).
QUAL SEU PIOR TEXTO E POR QUÊ?
Não posso dizer ser o pior, mas sim o que menos gosto, chama-se “ Amor de Carnaval”, pois tenho imensa dificuldade em escrever poesias e quanto mais me esforço, mais sinto o produto distante do objetivo. Não sou muito adepta a seguir regras na escrita, a liberdade de expressão é o que mais me cativa.
PODERIA DIZER DE CABEÇA QUAL O SEU TOP 5 TEXTOS AUTORAIS?
1º Entre o Ódio e a Honra
2º A Promessa
3º O Caminhante
4º Fio emaranhado
5º Quisera Amor IV
NA SUA OPINIÃO, QUAL O SEU MELHOR TEXTO E POR QUÊ?
É dificil colocar qualquer um dos meus textos como o melhor. Se me perguntassem sobre cada um deles, diria que um ensinamento lhe é oferecido após cada leitura. Mas, como é para escolher um deles, diria a quem me lê que ‘ se quisesse de fato conhecer o maior pedaço da alma de quem aqui escreve...’ diria para ler “ A Promessa”. Não há outro texto que melhor represente a força dos meus sentimentos e a paixão que tenho pelo universo dos contos de fadas.
SE VOCÊ PUDESSE OPTAR EM VIVER SÓ DO QUE ESCREVE, VOCÊ OPTARIA? POR QUE?
Amo escrever, mas sinto estar no primeiro degrau da jornada e não me vejo capaz de escrever uma obra ou cativar leitores suficientes para tal. Sou professora e amo minha profissão, talvez poderia ser escritora e trabalhar com duas paixões de forma sincronizada, mas ser apenas escritora não.
TEM ALGUMA PERGUNTA QUE NÃO FOI FEITA E VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE FEITA SOBRE ESSE TEMA?
Sim. Na verdade duas. Irei fazê-las.
COSTUMA FAZER PESQUISAS SOBRE OS TEMAS QUE DESENVOLVE SUAS OBRAS?
Sim. Quando escrevi ‘ A cartomante’ fiz muitas leituras sobre a simbologia das cartas de Tarô, nada muito complexo mas que trouxesse um grão de veracidade para aqueles que lêem e conheçam um pouco sobre a vertente mística. Fio emaranhado também foi inspirado em uma lenda oriental, “ akai Ito” sobre o fio vermelho que une os amores verdadeiros... toda escrita deve ser rica, seja de história, seja de base científica, seja de amor.
VOCÊ USA PSEUDÔNIMOS? SE SIM, DE ONDE SURGIRAM?
Tenho 3 pseudônimos que amo e fazem sentido quanto a minha jornada como escritora. Na vida, mas importante que Juliana foi me tornar a ‘SENHORA OTIMISTA’, não assino obras porém vivo o significado, de ser otimista e persistente no que escrevo e almejo. CÓRDIA surgiu tempos depois: Córdia era a personagem mais adorável de uma saga com Éfebo, cujo escritor é uma das pessoas mais importantes que surgiu em minha vida. Ler sobre ela me fez torná-la viva e hoje me vejo como Córdia e busco inúmeras coincidencias ao longo da história que me fazem crer e ser... e por fim SERENA, e não apenas pela serenidade, mas por um emaranhado de sensações que me permitem ser chamada assim e não exigir disso explicação alguma.
Córdia, a menina que escreve, assina e vivência uma das mais belas histórias de amor, companheirismo e respeito.
SE VOCÊ PUDESSE DIZER ALGO PARA QUEM QUER ESCREVER, O QUE DIRIA?
Escreva. Mesmo que seja simples, mesmo que muitos não leiam, mesmo que em certos momentos não sinta sua obra importante. Se escrever faz parte de você, valorize você. Criar expectativas sobre o que os outros vão pensar é natural mas não deve ser o que rege suas obras, faça por você, pelo seu desejo de escrever e fazer parte de algo maior, pois você e sua obra concluída fazem parte de algo maior. NOTE!!
LINK PARA TEXTOS DA AUTORA:
https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=217302