ENTREVISTA PARA OS ALUNOS DA ESCOLA 15 DE OUTUBRO DO GUAMÁ À PROFESSORA MADALENA DE JESUS.

ENTREVISTA DOS ALUNOS DO COLÉGIO 15 DE OUTUBRO DO BAIRRO DO GUAMÁ, À PROFESSORA MADALENA DE JESUS.

(Os alunos precisavam de orientação

de como elaborar as suas perguntas. Eu indiquei o Recanto das Letras. A entrevista seguiu o caminho de outra, formulada anteriormente. Está foi realizada há aproximadamente um ano, sendo que no meio desse ano. Fui desvinculada da Escola, mencionada na entrevista.)

ALUNOS => Entrevistadores

PROFESSORA MADALENA * Entrevistada

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=> Fale-nos um pouco da sua história enquanto poetisa e escritora?

* Ah! Eu gosto muito de ler desde criancinha quando aprendi o ABC, eu lia de tudo, e desde então, comecei a amar escrever também. Escrevo em diários desde a adolescência, nessa época eu já escrevia algumas poesias, mas que eu as considerava ‘bobinhas’. De forma mais especializada comecei a escrever de tudo um pouco desde que me formei em Letras e Artes, na Universidade Federal do Pará, nos meus vinte e tantos anos, ocasião em que eu buscava exercitar as criações clássicas dos versos. Depois, comecei a aprender ainda mais depois que me escrevi no site “Recanto das Letras” no início de junho de 2012, um lugar que abraça tanto os escritores quanto os amadores e onde passei a fazer as anotações das minhas composições e também passei a armazená-las lá no site junto com tantos outros trabalhos importantes, de outros autores. Comecei a ver meus trabalhos publicados em diversas antologias e em 2016 foi publicado o meu primeiro livro poético intitulado “Amada Amante dos Versos”, fiz um relançamento na Feira do Livro do Pará em 2017.

=> Como você começa o seu dia?

* Bem! Eu tenho uma rotina bastante simples e comum. Faço o meu horário conforme as minhas necessidades e disponibilidades. Logo que eu acordo, a primeira coisa que eu faço é me conectar ao Criador, através da oração; até mesmo quando eu acordo durante a madrugada me disponho a rezar. O meu marido é quem faz o café da manhã, ele organiza a mesa para a família (Eu, o Joy e os meus dois filhos Fernanda e Lucas). Antes a gente ainda cuidava da Pérola - uma cadela de idade avançada, que infelizmente, já morreu no início desse ano), nós compartilhamos uma casa aconchegante e charmosa. Depois faço o que a maioria também faz: tomo banho, tomo café (às vezes, inverto esta ordem), e depois vou trabalhar.

=> Você segue uma rotina de trabalho?

* Mais ou menos. Desenvolvo os meus trabalhos em uma biblioteca escolar (Escola Mundo Encantado do Guamá); às terças, quintas e sextas feiras. Nos demais dias, eu trabalho em casa, lugar onde mais escrevo minhas poesias. Começo os serviços domésticos varrendo o quintal, molho e converso com as plantas, cuido das roupas; estendo-as, dobro, lavo; preparo a comida; varro, lavo louças e limpo nosso cantinho com muito zelo, etc. Desenvolvo há muito tempo um trabalho voluntário, sou engajada paroquialmente, afastei-me da Catequese para um trabalho de Casal enquanto assessores do Regional Norte II - Pará e Amapá do ECC. Às vezes, saio quando tenho de resolver algum assunto fora de casa. Pelo menos uma vez ao mês vou às compras.

=> Quando você sente que trabalha melhor? Você segue algum planejamento?

* Considero-me uma escritora intuitiva e também dependente de inspiração do alto. Não planejo o que escrevo, espero que a ideia apareça, e às vezes aparecem muitas, d' outras eu fico por um longo tempo sem produzir. Já percebi que meu fluxo criativo é bem maior no período noturno e quando estou com insônia. Também acontece de surgir uma ideia e dela eu me esquecer, por isso, é importante registrá-la imediatamente; certa vez eu estava na garupa da moto de meu marido e fiz um áudio em meu celular, de uma inspiração poética que me assolou, caso contrário, certamente, me esqueceria. Não sigo uma rotina em meu processo criativo, mas preciso estar bem alimentada e em um local sereno, limpo, iluminado.

=> Você tem uma meta de escrita diária? Segue uma rotina?

* Geralmente eu não tenho nenhuma rotina de escrita diária e nem traço metas com esse fim, uma vez que a inspiração é quem deve dar o rumo ao que irei escrever. Mas, às vezes escrevo para cumprir algum compromisso, como para atender ao convite da escola de vocês, para participar do sarau com um tema específico. Ou seja, falar do bairro do Guamá, lugar em que vivemos.

=> Seus trabalhos são mais livres ou mais acadêmicos?

* Sou adepta de uma escola mais clássica que exige a metrificação, gosto de fazer escanção que de um modo geral representa o som dos versos e que para mim imprime magia à poesia, embora algumas pessoas argumentem que a contagem das sílabas poéticas contribua para uma criação engessada, isto não é o que penso. Amo escrever coisas que me desafiam e que me deixam feliz. Também gosto de me desafiar a criar experimentais. Embora, eu também acredite que deixar o pensamento fluir livremente e assim, receber uma bela inspiração é algo, simplesmente divinal.

=> Como é o seu processo de escrita? É difícil começar? E quanto à pesquisa, você a considera importante?

* Procurei me aventurar em escrever diversos estilos, logo no início me senti à vontade em criar várias trovinhas, mas pesquisei para fazê-las dentro dos parâmetros que regem a assertividade de uma composição correta. Sou muito criteriosa quanto a respeitar a obra de outrem, e assim deve ser, mas amo fazer obras derivadas, que costumamos chamar de interações à outro trabalho, isso me ajuda muito a ter novas ideias. Sei que muitos não gostam disso, o que também respeito. Mas, sou das que acreditam que no fim tudo já foi dito. Mesmo sem conhecermos de fato um verso que compomos e pensarmos que somos originais, penso que é possível que outros tenham pensado de maneira semelhante. Quando faço análise de obras ou outra composição que exija qualificação; a pesquisa é importantíssima e extremamente necessária.

=> Como você lida com as travas da escrita, como a procrastinação, o medo de não corresponder às expectativas e a ansiedade de trabalhar em projetos longos?

* Eu mesma vivo me cobrando que devo lançar outro livro, já lancei meu primeiro livro solo de sonetos e sonetilhos intitulado: "Amada amante dos versos", como já disse. Inclusive, tenho material para lançar outra obra, porém, o caminho editorial é árduo e por vezes, ingrato com esta nobre missão de lançar nossos trabalhos. Há ocasião em que não consigo escrever um verso sequer, isso é comum acontecer com outros autores, li em outra entrevista a escritora dizer que "... o chamado bloqueio criativo ocorre bastante e cada um lida com ele de uma forma: a minha é esperar." Sem querer plagiar (risos) faço minhas estas palavras, fico esperando, esperando, até que acontece.

=> Quantas vezes você revisa seus textos antes de sentir que eles estão prontos? Você mostra seus trabalhos para outras pessoas antes de publicá-los?

* Reviso muitas vezes. Embora, devesse mostrar para outras pessoas antes de publicá-los não o faço. Por isso, é comum ainda encontrar falhas em textos publicados. Porém, quando se trata de publicar em outros meios que não o digital, aí sim, meu trabalho passa por outros revisores, como se deu com o meu livro, e além dele tenho trabalho em inúmeras antologias.

=> Como é sua relação com a tecnologia? Você escreve seus primeiros rascunhos à mão ou no computador?

* Minha relação com a tecnologia é boa; mas, não é excelente. gosto de escrever diretamente no computador, mas, também em meu diário e bloco de anotações. Não gosto de escrever em telefone móvel. Acho que a tecnologia trouxe enormes possibilidades para quem escreve: Ferramentas poderosas para pesquisas, possibilidades de reescrever várias vezes até chegar ao formato desejado, uso de imagens, um poder muito maior de divulgação, interação com outros usuários desta atividade. Não sou adepta de estar constantemente conectada nas redes sociais, mas quando o faço, é geralmente à noite, tenho muitos grupos de amigos, escritores, grupos da igreja, da escola e etc.

=> De onde vêm suas ideias? Há um conjunto de hábitos que você cultiva para se manter criativa?

* Minhas ideias vêm da observação cotidiana, da vida real, mas também de filmes que assisto; de livros que leio e das conversas interessantes. Há em mim uma cobrança para com o ato de criar. Eu gosto de conversar com a natureza, com o sobrenatural, com os meus outros ‘eus’ (tenho um blog intitulado "Movimento dos Eus"). Amo viajar, buscar o silêncio ou os ruídos da natureza, o barulho da cidade me deixa meio que paralisada.

=> O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longo dos anos? O que você diria a si mesma se pudesse voltar à escrita de seus primeiros textos?

* Hoje eu tenho mais cuidado do que no início. Tento usar mais técnica para que a minha escrita consiga sair com o menor número de falhas. Também releio para ver se a construção das frases não ficou confusa, se os versos soam naturais, se o todo ficou compreensível para os leitores.

Aprendi também a receber as críticas com maturidade, separar o que me acrescenta e não me aborrecer com aquelas sem proveito. Participar de muitos concursos literários me fez aprender a trabalhar o ego, silenciar quando necessário, e rever as minhas convicções porque estamos todos em constante evolução, e o fato de achar que já se chegou ao ápice faz o escritor estagnar.

=> Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?

* Acredito que como de todo escritor... o projeto de escrever, publicar, vender livros e ter os trabalhos lidos e comentados. Sei que é um projeto ambicioso e que o mercado editorial vive em crise, mas sonhar não custa nada.

Que livro você gostaria de ler e ele ainda não existe?

Um romântico Best Seller criado por mim... (risos)

Sobre livros amo parafrasear o Padre Antônio Vieira...

O livro é um mudo que fala;

um surdo que responde,

um cego que guia;

um morto que vive,

e não tendo ação em si mesmo,

move os ânimos e causa grandes efeitos.

Maria Madalena de Jesus Gomes e Alunos do Colégio 15 de Outubro.
Enviado por Maria Madalena de Jesus Gomes em 07/12/2020
Código do texto: T7129867
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