Flavio Chame Barreto

Opinando e Transformando

Breve Currículo: Flavio Chame Barreto

Professor, escritor, romancista, poeta, autor de 25 livros, em especial, nas áreas da Educação, Biologia e Informática e membro da centenária Academia Fluminense de Letras, ocupante da cadeira 39, a academia oficial do estado do Rio de Janeiro (Lei 7588 de 17 de maio de 2017).

Bacharel em Genética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Professor Licenciado em Ciências Biológicas pela UFRJ; Especialista em Ensino de Ciências e Biologia pelo Instituto de Bioquímica Médica - UFRJ; Especialista em Docência do Ensino Superior pela FEUDUC; Mestre em Computação pelo Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) - Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ; Professor na Educação Pública (SEEDUC- RJ), Docente da Graduação no setor privado (UNIESP e FIJ) e de Pós Graduação e de Extensão (Unisuam e PUC - RJ).

Nascido em meados do século XX, dedicou-se a Educação e a Docência em todos os níveis e a produção e escrita de livros. É casado há décadas com sua primeira namorada com quem teve dois filhos e um lindo casal de netos.

Em sua opinião, o que é cultura?

Eu vejo atualmente o termo cultura exatamente como foi definida em sua origem etimológica latina, na qual a palavra culturae significava a “ação de cultivar, promover o crescimento, cultivar e preservar vários conhecimentos".

Logo, tudo que se relacione com essas ações humanas, está incluído na minha definição de cultura. Ou seja, é algo que transcende ao simples aprendizado de múltiplos saberes e sim, a manutenção e preservação deles e de suas origens.

Você se considera um difusor cultural?Qual é o seu papel neste vasto campo da transformação mental, intelectual e filosófica?

Sim. Aliás todos nós somos difusores culturais em maior ou menor grau, conforme a intensidade de nosso envolvimento na replicação dos conhecimentos que dominamos.

Contudo, sempre teremos algo para ensinar e transmitir aos nossos pares e também aprender com aqueles ao nosso entorno. Por mais simples que sejam estes aprendizados, eles compõem o complexo sociocultural que rege a sociedade na qual todos nós estamos inseridos.

Meu papel nesse processo é exatamente redistribuir conhecimentos que possam modificar para melhor esta sociedade. Acredito que somente a partir da plena compreensão dos processos comportamentais, cada pessoa consegue ter uma crítica mais aguçada, e assim refletir e escolher os melhores caminhos para modificá-los para melhor.

Como você descreve o processo de aculturação, ao longo da formação da sociedade brasileira?

A crescente aculturação é o resultado direto do distanciamento da maioria da população das práticas educativas de qualidade que são substituídas por valores distorcidos imputados por interesses individuais em detrimento do coletivo.

Como o próprio prefixo “a” indica negação no termo aculturação, estamos falando de uma crescente negação do processo natural e eficiente da aquisição de cultura como um bem coletivo.

O sucesso da espécie humana em quase todos os lugares da Terra foi exatamente ela se perceber um ser coletivo e a transmissão dos seus saberes e competências às gerações subsequentes. Portanto, o afastamento dessa prática e o individualismo atualmente incentivado em detrimento do coletivo é um claro retrocesso à essa conquista.

Que problemática você destaca na prática da difusão cultural?

Exatamente o baixo valor dado a essas práticas pelos próprios beneficiados por elas. Isso se dá simplesmente pelo crescente desconhecimento de suas vantagens reais. Se eu não vejo valor na manutenção de determinados aspectos da minha cultura, eu não me empenho em fazê-lo e também me desinteresso em sua difusão. Um círculo vicioso que se realimenta continuamente, distanciando cada vez mais os interessados dos seus objetos de interesses.

Comente sobre o espaço digital, destacando sua importância no cenário cultural.

A democracia digital trouxe ao mesmo tempo ampliação de seus espaços e aparentes vantagens na divulgação cultural. Por outro lado, contraditoriamente também inseriu grandes pulverizações nos processos. Sua importância é inegável, muito mais é exposto sem limitações e indiscriminadamente. O que nos leva a outros problemas como as qualidades de muitos conteúdos atuais em relação aos objetivos primários culturais que eventualmente se tornam questionáveis e até irrelevantes se comparados com outros mais pertinentes para o crescimento coletivo.

Qual mensagem você deixa para todos os fazedores culturais?

Persistir sempre. O futuro sempre agradecerá.

Dhiogo J Caetano
Enviado por Dhiogo J Caetano em 27/10/2018
Código do texto: T6487645
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