Entrevista #038: BOSCO ESMERALDO ENTREVISTA MARIA DE JESUS
BOSCO ESMERALDO ENTREVISTA MARIA DE JESUS A. CARVALHO
1. Quem é a Poetisa Maria de Jesus A. Carvalho?
R. Sou a segunda de cinco filhos do casal Francisco Chaves Carvalho e Maria do Socorro Araújo. Nasci em Massapé, cidade do Norte do Ceará, em 07 de novembro. Acredito ter sido um dia lindo! Rsrsrs… Sou uma pessoa simples, (não simplória), que ama a vida apesar de seus obstáculos, que procura olhar o mundo com os olhos cheios de amor, ver sempre o lado positivo das pessoas e dos acontecimentos. Tenho Deus como centro do Universo e nEle deposito a Fé que me faz ter a Esperança de um mundo melhor, onde a Paz permaneça entre as famílias, entre as Nações. Nos meus textos, deixo sempre uma mensagem de vida, onde a Paz é o portal para a Felicidade. O respeito e amor ao próximo, são veredas das veredas que nos leva a ser felizes.
2. Como descobriu o amor pelas letras?
R. Meu primeiro contato com as letras, foi quando meu pai tomando de um tubo de pasta dentifrícia, ensinou-me a ler as maiúsculas e fui alfabetizada por minha mãe que, mesmo não sendo professora, demonstrou muita eficiência. Fiz meus primeiros estudos no Educandário Nª Senhora do Carmo, um colégio particular, em minha cidade. Nas primeiras quatro séries do Curso Primário, desenvolvi o gosto pela leitura e minhas redações eram elogiadas pelos professores, dada a facilidade com que criava pequenas histórias ou interpretava textos de autores.
3. O que levou você a escrever poesia?
R. Ao completar 12 aos, fui estudar num colégio interno, em São Benedito-CE, cidade da Serra da Ibiapaba, onde fiquei durante seis anos, até terminar o Curso Normal. Já na adolescência, motivada pela carência da família, comecei a fazer meus primeiros versos, herança de meu pai que era exímio na arte do soneto e de outros gêneros. Meu primeiro soneto foi fruto de uma decepção amorosa, aos dezesseis anos de idade, intitulado “Um Amor Impossível”. Além de poemas, escrevi teatros infantis, paródias, letras de hinos, pequenos discursos, apresentados nas escolas onde lecionei Português, Literatura Brasileira, Francês, Inglês e Música. Frequentei a Ala Feminina da Casa de Juvenal Galeno (casa de cultura), de 1983 a 1986, em Fortaleza, onde o convívio com grandes poetas cearenses foi de grande influência no meu crescimento como atuante no mundo das letras.
4. O que a inspira quando escreve? Como é que chega essa inspiração?
R. Depende do momento, de um pensamento que surge inesperado, de um sentimento que me está fazendo vibrar o coração, de uma lembrança, até mesmo um simples objeto em que um banho de criatividade o transforme em um poema lírico. Minha maior fonte de inspiração tem sido a Natureza, principalmente a Lua que me fascina desde a mais tenra idade. Ela serve de cenário para a mensagem que quero transmitir, de um amor Maior, Divino, Criador e para qualquer outra em que o amor se manifeste de forma sadia e bela.
5. Sobre poesia temática, é mais fácil ou não desenvolver poesia temática?
R. A poesia temática é construída sobre um tema. O tema é pois, o assunto do poema. Escrever um poema é conseguir observar o mundo dentro ou ao redor de você. Um poema pode ser sobre qualquer coisa _ amor (abstrato), ou um objeto (concreto). Primeiramente, saber para quem escreve, qual tipo de público. Depois, qual tipo de poesia combina com o seu tema: humorísticos, sonetos, haicais, surreais, etc. ou versos livres. Mesmo já havendo o alicerce do que se vai desenvolver, torna-se necessário usar palavras fortes que se adaptem, combinem com o que se pretende criar, apenas as que são necessárias e que aumentarão o significado do poema. Imagens concretas apelam para os sentidos, amor, ódio, felicidade… Podemos melhorar, substituindo por uma palavra concreta, uma rosa, uma fogueira, etc. O uso da fala, audição e visão, o toque, o cheiro, etc, adaptam-se aos poemas mais poderosos. A rima, a métrica, assonância, aliterações, repetições são dispositivos poéticos que melhoram a beleza do poema. Escolha a mensagem ou reflexão mais poderosa para o final. *** Agora, inicie o poema obedecendo a estrutura de um texto em prosa: começo, corpo e desfecho. Ao terminar, leia em voz alta, escute e ponha toda a sua emoção.
Como vê, a poesia temática, torna-se mais difícil porque são necessárias essas observações, que a diferenciam de um texto em prosa. Com a prática, você não vai achar mais tão difícil.
6. Você criou um novo estilo literário. Fale sobre ele.
R. O estilo literário que criei, foi sugestão do grande poeta João Bosco Esmeraldo, que tem enriquecido nossa literatura com inúmeros estilos, tanto na prosa quanto na poesia. Acatei sua sugestão e iniciei a obra, que me tem proporcionado imenso prazer em poder expressar minhas ideias de forma divertida e diversificada. O grande poeta Bosco batizou o estilo com o título de “Albus Quercus” – (Albuquerque), palavra latina que vem do árabe e significa “Carvalho Branco”. A versificação é composta de estrofes rimadas e metrificadas em penta, hexa, hepta, enea e decassílabos. As instruções encontram-se nas Teorias Literárias, na categoria Experimental da minha escrivaninha, no Recanto das Letras. Já se completaram os 100 poemas exigidos pelo RL para o registro do referido estilo, pois obtive valiosa cooperação dos 10 (dez) poetas convidados. Espero ver meu estilo poético transmitindo, levando mensagens encantadoras aos amantes da poesia e do belo.
7. Como você vê seu público-alvo?
R. Desde que comecei a divulgar minhas ideias, tudo que escrevo tem filtro familiar seguro, portanto, livre para público adolescente e adulto. Ainda não escrevi para crianças, minha didática, quando fui professora, sempre foi dirigida a essas faixas etárias. A convivência me trouxe, como retorno, uma boa experiência. Atualmente, meus textos são lidos por um vasto público intelectual no Recanto das Letras, colegas que me apoiam com seus valiosos comentários, experiência e encanto poético, estimulando-me a sempre vencer os obstáculos e prosseguir na minha jornada poética. Tenho ainda, o apoio e o carinho dos meus amigos do Face-book, onde meus textos são prestigiados por um grande número de conterrâneos, a maioria meus ex-alunos, minha família, alguns poetas com livros publicados, pessoas de alto nível intelectual. Conto ainda, com a participação de poetas que, a cada dia, tenho a honra de conhecer e receber elogios à minha obra literária. Cada um ocupa em meu coração um lugar especial e para eles, a minha eterna gratidão.
8. Como você sente a cultura em nosso País? Há incentivo à cultura?
R. Apesar de meios de comunicação demonstrarem grande esforço nesse sentido, através de programas educativos, ainda há muito a ser feito para que nossa cultura possa se expandir por todos os recantos de nosso País. Os Estados que já possuem teatros, escolas de danças, grandes orquestras sinfônicas e filarmônicas, bem como bandas de forró e outros tipos, devem levar seus conhecimentos artísticos para os outros lugares carentes. Música e literatura juntas, elevam o nível cultural de um povo. Nós, poetas virtuais, podemos levar nossa poesia a grandes distâncias, com os aplicativos de que nos servimos.
9. O que se pode fazer para incentivar na escola o acesso à literatura e a produção textual?
R. No Jardim da Infância, a escola deve introduzir o hábito da leitura através de histórias contadas pelo professor, figuras de pessoas ou paisagens, audição de audios, para que as crianças as reproduzam. Desenhar o que ouviram, é uma boa estratégia para avaliar o grau de cognição.
Nas séries mais avançadas, o estudo de poemas e prosa, permite o entrosamento na literatura, quanto à mensagem, parte gramatical, conhecimento do autor e produção de um novo texto. Declamar poesias, desenvolve no aluno, o gosto pela arte poética, chegando a descobrir em si o dom de exprimir seus sentimentos através de versos. Assim nasce o poeta e escritor.
10. Em sua opinião, o que falta nas escolas para que o aluno obtenha a instrução em sua essência?
R. Uma melhor assistência do governo quanto à aquisição de verbas para a educação, no sentido de melhorar o salário dos professores, promover cursos de capacitação, ampliar e modernizar o equipamento escolar, distribuir material didático gratuito para uso diário dos alunos. Criar um sistema de permanência do educando na escola, por um período de oito horas diárias, com alimentação.
Cabe aos diretores dos estabelecimentos, a realização frequente de reuniões de pais e mestres, integrando-os no âmbito escolar, conscientizando-os quanto ao acompanhamento da vida escolar de seus filhos, tornando-os amigos da escola. Que os pais os orientem nos trabalhos de casa, ajudando-lhes a superar as dificuldades, para que tenham uma boa assimilação e desenvolva o senso da responsabilidade.
Que a Escola seja um lugar atraente, agradável, em que o aluno sinta-se à vontade e para onde queira sempre voltar.
11. Que poetas ou escritores influenciaram em sua escrita?
R. Quando ainda criança, já lia Monteiro Lobato, Cassimiro de Abreu, Olavo Bilac e Castro Alves. Lia também os sonetos da lavra de meu pai. Gostava dos romances de José de Alencar, principalmente “Iracema”, “Ubirajara” e “O Guarani”, onde a Natureza é palco de encantadoras histórias. Declamava-os nas festinhas escolares, depois passei a ler outros poetas com os meus alunos, quando lecionei Literatura.
Dos clássicos que citei, adveio o meu estilo lírico, classificado, assim, pelos caros poetas comentaristas que adentram minha escrivaninha no Recanto das Letras.
12. O que você acha do advento dos livros eletrônicos, o e-book?
R. Sabemos que a evolução tecnológica veio para facilitar a vida do homem. Em se tratando do E-book, tem suas vantagens porque é mais econômico que o de papel, tanto para o autor, quanto para o leitor que possui um receptor. A leitura alcança os lugares mais distantes, podendo ser lidos em qualquer lugar onde a internet alcançar.
Não quero dizer que se deve abolir o livro de papel. O aluno necessita do manuseio do livro didático bem elaborado, colorido, atraente, que o estimule ao gosto pela leitura. Na parte educativa, é importante para ele desenvolver a afetividade com o toque, a conservação do livro, a resolução dos exercícios, ver sua nota de verificação com a letra do (a) professor (a); até o cheirinho do papel, quando o livro está novo, é uma atração para quem o manuseia. O livro bem conservado, é um tesouro que se guarda por muitos anos.
Se a escola pode dispor dos dois tipos de livros, melhor ainda porque ambos se completam.
13. Fale tudo o que desejar sobre a poesia.
R. A poesia é o altar de todas as artes. O homem cria a arte. O poema é o corpo e a poesia, a alma. Os poemas, seja em que estilo se tecem, trazem sempre uma mensagem para nossa vida. E tudo que vem do coração, vai ao encontro do coração do outro. Escrever é um dom divino, portanto, devemos usar esse mimo com mensagens que enobrecem, relevam, perfumam e engrandecem intelectual e moralmente. É assim, que sinto a poesia. Veja neste poema que fiz para comemorar o “Dia da Poesia” e dediquei-o a todos os poetas e poetisas que amam e curtem a magia do “belo”. Publicado no Recanto das Letras:
Prece
Obrigada, Senhor,
Pelo dom milagroso da Poesia!
Por essa capacidade suave e bela
de ver as coisas em versos e reversos.
De transportar minha alma para o
mais íntimo de mim e decantar os horizontes
mais distantes do Universo…
De transformar uma lágrima em rios coleantes...
Uma noite sem astros, em suave magia…
Uma flor destruída, em pedaços de alma…
Um grito de dor, em um terno acalanto…
A aridez do deserto, em agradável oásis…
O silêncio da morte, numa canção de paz.
Obrigada, Senhor,
Por esse dom milagroso que ameniza
a sordidez dos meus dias.
Por essa válvula de escape
em que se escoam meus queixumes.
Por essa santa e eficaz terapia
que me abranda o sofrimento.
Por essas asas que me libertam
através da imensidão,
à procura de paz e de amor,
de um “Delete” à “Solidão”.
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Maria de Jesus A. Carvalho.
Fortaleza, ce. 14/03/2013.
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14 . MINIBIOGRAFIA: (Máximo 20 linhas)
Maria de Jesus Araújo Carvalho – Nasceu em Massapê-CE . É graduada em Letras (1977) e em Direito (1981), pela Univ. Federal do Ceará (UFC) em Fortaleza-Ce; pós-graduada em Metod. do Ensino Fundamental e Médio (1997), pela Univ. Estadual Vale do Acaraú. Sobral-Ce; Publica seus textos, há quase cinco anos, no Recanto das Letras, no Facebook, no FaceFortaleza e no site Bric-à-Brac do escritor e poeta Vicente Freitas. Tem 04 (quatro) livros editados, não publicados. Obteve Certificados de Menções Honrosas com articipação nas Antologias III, IV, V e VI, “Poesias Encantadas” de Luciano Becalete:
a) Antologia III – poemas “Apelo ao Vento” e “Jesus Nazareno”, selecionados em Concurso. b) Ant. IV – Poemas “Felicidade” e “Reflexão”. c) Ant. V – poemas “Um Grito na Imensidão” e “Alado Beijoqueiro”. d) Ant. VI – poemas – “Crepúsculo”, “Por um Momento” e “Sob os Raios Selênicos”. *** Certificado de Mensão Honrosa no concurso 1º Prêmio Licinho Campos de “Poesias de Amor”. *** Publicou o poema “Homenagem a São José”, no Manual de São José, 2ª Edição, organizado por Francisco Ferreira Oriá Filho, em Fortaleza-Ce.
Estudou piano em música clássica no Conservatório Alberto Nepomuceno, em Fortaleza e outros cursos de música popular, com professores particulares.
Como profissional da Educação, lecionou Português, Literatura Brasileira, Francês e Música, no Ginásio Massapêense (C.N.E.C), em Massapê. Na rede estadual, foi vice-diretora da Escola de 1º Grau Willebaldo Aguiar. Lecionou Inglês na escola do Ensino Fundamental Prof. Luis Felipe, em Sobral. Em escolas de 2º Grau, em Fortaleza, lecionou Português, Literatura e Redação, durante 20 anos. Fundou e dirigiu o Instituto Virgem Poderosa- escola de 1º Grau, em Massapê, com Séries do Jardim da Infância ao Admissão.
Agradeço a oportunidade da honrosa entrevista. Desejo sucesso a todos os que se empenham a bem da cultura em nosso País, principalmente em relação à poesia, para que seja divulgada e leve além do horizonte nossas ideias e emoções. Nós, poetas virtuais, temos o privilégio de expandir nossos valores culturais a longas distâncias, em menos tempo, através da maior maravilha do Mundo, a Internet. Muito obrigada.
Maria de Jesus Araújo Carvalho – Poetisa e Escritora.