Entrevista com o Jornalista e Lutador de Jiu Jitsu Pascoal Monteiro
Um papo sobre família,esporte,jornalismo e vida espiritual
FB - Como surgiu o interesse pelo jiu jitsu e quem mais o incentivou na prática desse esporte?
PM - Comecei a lutar com 4 anos de idade. Minha mãe orientada por uma amiga, colocou eu e meu irmão em uma academia de judô com o objetivo de acabar com as brigas entre nós dois. A luta nos deu disciplina e respeito um pelo outro, paramos de brigar e melhoramos em tudo, no comportamento, na escola, no tratamento com as pessoas e muito mais. O jiu-jitsu veio depois, aos 8 anos, quando conheci o irmão do meu professor de judô, que era professor de jiu-jitsu. A partir dai, passei a praticar as duas lutas e depois fiz a opção em me dedicar só ao jiu-jitsu. Mesmo assim, sou faixa marrom de judô, uma abaixo da preta e no jiu-jitsu, sou preta desde de 2003.
FB - Qual a origem desse estilo de luta e quais as maiores referências no Brasil e no mundo?
PM - O jiu-jitsu é a arte marcial mais antiga do mundo. Surgiu na Índia antes de Cristo, passou pela China, Japão e chegou ao Brasil. A arte-suave, significado de jiu-jitsu em japonês, passou a ser conhecida no mundo quando a família Gracie transformou da forma como ele é hoje Brazilian Jiu-Jitsu. Considerada pelos estudiosos e especialistas em luta, a mais completa arte marcial do planeta, o jiu-jitsu tem então a família Gracie com referência e o Brasil como o berço dos melhores atletas do mundo na modalidade.
FB - Como surgiu à oportunidade para se tornar árbitro da Liga Brasileira de Jiu Jitsu?
PM - Na realidade, pra ser arbitro de jiu-jitsu você precisa ser faixa preta da modalidade. Dai basta fazer os cursos de arbitragem e sendo aprovado, se colocar à disposição das entidades para começar a atuar. Eu comecei a arbitrar logo quando me tornei faixa preta em 2003 e minha motivação foi poder colaborar de alguma forma com o meu esporte! Hoje eu sou arbitro da Federação Mineira, da Liga Brasileira e da Confederação Brasileira de Jiu - Jitsu
FB - Você, além de atleta é jornalista. Em qual dessas áreas você se sente mais realizado e quais são aqueles que te inspiram no exercício dessas duas funções?
PM - Posso afirmar com todas as letras que Deus tinha e tem um plano pra mim, nas duas áreas. Foi através da luta que eu consegui fazer minha faculdade de jornalismo e hoje com esse crescimento cada vez maior do MMA, modalidade que envolve varias artes márcias, e muito o jiu-jitsu, consigo atuar como jornalista dentro do meu esporte. As duas áreas andam o tempo todo juntas na minha vida, uma completa a outra e vice-versa. Sinto-me a vontade nas duas! No tatame Rickson Gracie, Royce Gracie, Grão Mestre Hilton Leão e meus professores Beto e Alê são minhas referências. No jornalismo, Ernesto Paglia, Tino Marcos e Régis Rosing são os jornalistas que me inspiram
FB - Em sua trajetória jornalística você passou por alguns veículos de comunicação conhecidos, o que você aprendeu , vai levar para o resto de sua vida e transmitir aos seus filhos?
PM - Nossa, essa pergunta é ótima! Passei por empresas como assessor de imprensa e como repórter de rádio e TV. Em todos esses lugares aprendi que a responsabilidade de um jornalista é muito grande. Somos formadores de opinião e devemos ter cuidado para não cometermos erros graves. Uma dita ou escrita pode fazer vários estragos se não forem muito bem pensadas antes. Fora isso, acho que o mais importante e é o que quero ensinar para os meus filhos é jamais devemos abrir mão dos nossos valores, da dignidade e do caráter, principalmente dos valores cristãos. Nessa área a vaidade fala muito alto e se não tomarmos cuidado, tropeçamos em nós mesmos. Também descobri que as pessoas precisam e devem saber que você é de Deus. Não existe essa coisa de crente 007. Se Deus é conosco, quem será contra nós!?
FB – Uma das funções que você exerce como jornalista é como comentarista de lutas de MMA. Pesquisei em um site e descobri um dado interessante: “Cerca de 70% dos lutadores de MMA são evangélicos. De cada 10 lutadores, seis ou sete parecem ser evangélicos convictos”. Você acha que um esporte tão violento como este realmente pode agregar e trazer algo de positivo para o povo de Deus?
PM - O MMA é um esporte como outro qualquer. O que importa é o testemunho desses atletas. Para muitos o futebol não é violento, mas, no entanto muitos jogadores de futebol que se dizem evangélicos, não dão um bom testemunho. Vaidade, ostentação, luxúria e muito mais coisas que costumam ser mais importantes para alguns do que Deus. A luta é só ali dentro, naquele momento, depois é outra coisa. O que não pode, em minha opinião, é querem passar uma imagem de "santo" e depois fazer tudo ao contrário. O MMA pode ensinar sim muita coisa pra somar no reino de Deus. Um atleta de MMA precisa de muito treino, muita força, garra, determinação e muito mais... Nós precisamos de tudo isso para andarmos verdadeiramente na presença de Deus.
FB - É possível fazer um trabalho através do esporte associando inclusão social e evangelismo? E você conhece alguém que já faz isto?
PM - Claro que é possível. Eu dei aula de jiu jitsu durante um ano na mocidade da Igreja Batista da Lagoinha. Os jovens eram atraídos pelo esporte e lá ganhavam muito mais que as aulas de luta, eles eram evangelizados e gostavam da forma conheciam as coisas de Deus. O esporte oferece vários valores que podem ser trabalhados nas pessoas junto com os mandamentos e ensinamentos que temos de Jesus. Com criatividade e principalmente boa vontade, podemos alcançar muitas vidas através do evangelismo esportivo, se é que posso chamar assim. Penso que as igrejas deveriam investir nessa maneira diferente de levar a palavra de Deus a varias pessoas.
FB – Sua esposa Gabriela Cangussu foi jogadora de vôlei, já dá pra perceber em seus filhos alguma aptidão para algum esporte e você acredita que eles vão trilhar um caminho parecido com o seu?
PM - Pois é, a Gabriela jogou vôlei profissionalmente no Minas Tênis Clube, no Macaé e nas seleções de base. Além disso, ela é formada em educação física. O esporte, as atividades físicas fazem parte do nosso dia-a-dia familiar, seja como lazer, trabalho ou como atletas competidores. Nossos filhos vêem isso e adoram. O Davi já é faixa cinza e preto de jiu-jitsu e também prática taekwondo. A Júlia adora se pendurar nas coisas e fazer abertura, parece uma ginasta. Como eles são novinhos, ele tem 4 anos e ela 2, deixamos eles a vontade. Incentivamos a prática de esportes, mas não exigimos resultados. Assim percebemos que os dois fazem as coisas porque gostam e não porque pressionamos.Eles não precisam fazer nada por obrigação,principalmente por terem os pais que eles têm.Não existe essa coisa de pressão,o esporte tem que ser algo natural para as crianças.
FB – O que você pode relatar de conquistas que os atletas de Cristo já alcançaram para o evangelho e o que ainda pode ser feito para que novas almas sejam alcançadas através de suas influências?
PM - Os atletas de Cristo precisam lembrar o tempo todo que eles estão expostos. São referências em todos os sentidos e por isso, não podem deixar de dar um bom testemunho. Seja nos treinos, nas competições ou até nas horas de folgas, precisamos estar atentos às oportunidades que Deus nos da para falarmos do seu amor. Além das vidas que já conseguimos alcançar através do esporte, conquistamos o respeito e o espaço para expressarmos de maneira sincera e natural, a nossa fé em Jesus. O que não pode é forçar a barra e nem querer "enfiar Jesus goela baixo" de ninguém.
FB – Sua conversão aconteceu através de alguém que você conheceu no exercício de suas funções ou você já nasceu em um lar Cristão?
PM - Eu não nasci num lar evangélico, pelo contrário, todos na minha família eram católicos praticantes. Sempre gostei das coisas de Deus e até os meus 25 anos eu ainda não havia tido uma verdadeira experiência com o Senhor. Olha que eu ia à missa todos os domingos, fiz primeira comunhão, crisma e além ter sido coroinha, era do grupo de jovens da minha igreja. Mas faltava algo. Essa experiência e a certeza de que Deus existia de verdade, era tudo que eu queria. Olha que Deus já havia se manifestado a mim, mas eu só fui perceber isso depois da minha conversão em 2003. Foi logo quando comecei a namorar a Gabriela minha esposa. Ela dava aula de musculação na academia onde eu era o professor de jiu-jitsu. Nós nos conhecemos e com 3 meses de namoro, eu pedi pra ir na igreja dela. A Gabi era evangélica desde criança e nos finais de semana de namoro, ela ia pro culto e eu pra missa no domingo, até que fiz esse pedido. Dai começou o processo de Deus na minha vida e pouco tempo depois, no dia 01 de novembro de 2003 eu me converti. Poxa, tinha muita coisa legal para falar aqui depois desse dia em que fui à igreja com a Gabi, mas não faltará a oportunidade pra eu contar o que Deus fez comigo. De uma cura até um anjo, tudo isso o Senhor fez comigo para me dar a experiência com Ele que eu tanto queria.
FB- Em relação ao futebol, sua preferência é alvinegra ou azul celeste?(rsrs)
PM - Sempre gostei de futebol, na escola fui campeão de futsal pelo colégio Marconi varias vezes, mas depois parei de jogar bola por causa das competições do judô e do jiu-jitsu. O futebol passou a ser nas horas vagas, mas respondendo a pergunta, sou atleticano. Aprendi a gostar do Galo por influência e, diga-se de passagem, boa influência do meu pai!
FB – O que gosta de fazer em suas horas vagas?
PM - Gosto de ficar com a minha família. Brincar com meus filhos, tomar açaí com eles e curtir a minha esposa. Quando tenho oportunidade, leio um bom livro.
FB - Cite uma música, um filme e um livro que tenha sido marcante para você.
PM - Um livro, "O Homem do Céu". Um filme: Gladiador. E uma música: Lugares Altos - Renascer Praise
FB – Como conheceu a igreja atual em que congrega?
PM - Conheci a Igreja Batista Príncipe da Paz com a minha esposa. Ela sempre congregou nessa igreja. E hoje eu e minha família congregamos na IBPP.
FB – Que mensagem gostaria de deixar para todas as pessoas do site que vão ler esta entrevista e para os irmãos do Jornal da Igreja Batista Príncipe da Paz?
PM - Se você já conhece a Deus e Ele já habita em seu coração, jamais se afaste dele. Não existe nada melhor do que estar na presença e em comunhão com Deus. Deixe ele agir todos os dias em sua vida, coloque tudo, eu disse tudo que te diz respeito diante de Deus. Se submeta a Ele. Pergunte a Ele sempre se o que você está fazendo ou vai fazer é o que Ele quer. Aprenda a depender totalmente de Deus. E pra você que ainda não deixou Deus entrar na sua vida, não perca mais tempo. Aceite Jesus e veja a diferença. Deixe Ele cuidar de você com um amor jamais visto ou igual. E prepare-se, sua vida com Jesus nunca mais será igual!
P.s:Muito legal conhecer uma pessoa tão expressiva e que faz a diferença por onde passa,isto sim é ser um homem de Deus.Obrigado pela entrevista,Pascoal Monteiro.
(Fábio Brandão Caldeira)