COMO EDUCAR AS NOVAS GERAÇÕES?
ENTREVISTA
Nome: Emmanuel Clélio de Oliveira Carlos;
Idade: 30 anos;
Escolarização: nível superior;
Profissão: bacharel em direito, jornalista, articulista e escritor
Estado civil: solteiro.
Um grupo escolar da cidade de Macau-RN me procurou pra fazer esta entrevista e a pergunta era:
COMO EDUCAR AS NOVAS GERAÇÕES?
Sinceramente é uma pergunta muito difícil, mas o que vejo a ser feito é, em primeiro lugar, acabar com o endeusamento de Paulo Freire e seu método de ensino. Ou, no mínimo, usá-lo de modo secundário. Como o educador João Batista Araújo e Oliveira disse em uma entrevista um dia desses: “o nível dos professores é baixo, os trabalhos na área da educação, hoje, começam com epígrafe de Paulo Freire e findam com citação de Rubem Alves”. Concordo, ensino é muito mais do que pegar como bodes expiatórios, uma ou meia dúzia de ídolos para agracia-los neste quesito. Na verdade, a criação de ídolos é ruim em qualquer ramo da vida social, sobretudo quanto à educação.
Logo, não deve, infelizmente, de uma hora pra outra querer ensinar e dar ensino a todo mundo. Isto é um processo lento e duradouro, tanto que, baseados nesse método Paulo Freire, “alfabetiza-se” quase todo mundo e mesmo assim, desde 1995 ocupamos a mesma posição nos ranking’s educacionais. Basta fazer uma breve pesquisa sobre o assunto. Podem procurar. Ora, esse esquema todo só serviu pra pegar o nome de Paulo Freire, fazer o nome do cara, dizendo que, através de seus métodos algo na educação melhorou... Para, por trás, esconder a real situação da nossa educação. Só isso. Só você ver, estamos na nossa pior era do ensino público brasileiro. A mim já confessaram algumas pessoas mais velhas, por exemplo, que colégios públicos como Atheneu em Natal ou Jerônimo Rosado em Mossoró, não deixavam nada a desejar em competitividade com o ensino privado. No entanto, hoje, o que o governo faz é dar diploma a todo mundo sem que tenha um processo educacional eficaz. Fazendo com que, o aluno do ensino público, e até de algumas instituições privadas, sejam tratados como lixos humanos.
Esse de fato é o real problema. Logo, o que deve ser feito é um processo lento e gradativo de melhoramento quanto à educação, tal qual fez a Coréia do Sul. Lá, há uns 40, 50 anos a coisa vem se desenrolando bem. De geração em Geração a coisa flui. E tem que ser assim mesmo: deve-se pegar uma elite que saiba de fato o que é educação e pra que ela serve ao fundo, passar pra uma camada de gente, essa camada, com um tempo, passa pra outra massa de gente, que com um tempo a mais de novo, passa pra outra massa maior e assim vai, até durar 30, 50, 100, 200 anos. Não inventar essa manobra política estratégia arquitetada pela nova esquerda no poder, em que existe uma mágica, em que de uma hora pra outra tudo fica as mil maravilhas e se resolve. Por mais que, no contexto geral e histórico, percebamos que o nível da educação só cai, cai e cai...
Obviamente, resta claro que deve-se ao máximo enaltecer a figura do professor, dá uma tremenda atenção a ele. Mas isso só se tiver muita direção nos níveis municipal, estadual e federal . Exemplo, em Macau, não tem ninguém especializado em demografia pra saber ao certo a taxa de natalidade e mortalidade infanto-juvenil e saber se deveriam ser abertas mais escolas ou fechadas mais escolas e quais. Bem como um profissional habilitado saber se o sistema de saúde aos alunos vai bem física e mentalmente e saber se precisam de cuidados médicos.. Graças a Deus! Repito, mas isso só com muita gestão, direção e rigidez para com a educação, seja na esfera pública ou na privada (sem duplo sentido) risos... Muito gerenciamento. Muito mesmo!
Pois é, inventam essa balela que o nível educacional melhorou, que agora o povo tem mais chance de se incluir e estudar, claro, só tem como ocorrer isso, baseado num passe de mágica, se o nível da educação for reduzido. E foi. Daí que, reduziram o nível da educação, facilitando o acesso ao ensino superior de todas as formas, dando muitos cursos, diplomas e títulos. Todo mundo vira “doutor”... Uma pataca de doutores mal educados. Talvez eu mesmo seja assim uma vítima deste sistema. Agorinha fui escrever “talvez” e pus “talves”, com “S” no fim. (risos)... Ora!, até porque, contrário do que pensam e insinuam, eu não me acho a uma sábia pessoa. NUNCA! Ainda falta muito para eu ser inteligente... Sábio, então, uma coisa inalcançável.
Porém, Eu tenho a plena certeza que se tratando do ensino como um todo no Brasil, sobretudo, em colégios e universidades, não me ensinaram da forma mais justa. E todo o lado do meu conhecimento mais voltado para algum tema ou objeto qualquer, advém do autodidatismo. Pois para ser ensinado por um professor desqualificado (e não são todos que são desqualificados, embora seja a maioria), eu prefiro montar meu curso, claro, de forma imparcial, elencar meus livros e eu estudar por si só. Pois depender de instituições que só pregam Karl Marx e usam revistas e jornais como fontes de argumentação, instigação da melhoria da pessoa humana e até como critério de aprender algo que vai cair em testes (e isso tem de ruma, qualquer professor de cursinho, colégio e universidade nos obriga a isso)... Sinceramente, MUITO COMPLICADO e não faço a mínima questão de burocratizar meu conhecimento! Hoje em dia, escolas e universidades servem apenas para nos atestar um documento legal, racional e burocrático – diploma -, pois o título expressado por algum diploma, seja do ensino médio ou superior, inclusive de pós graduação, dá a sensação não tão verdadeira, de que só por portar um determinado diploma, a pessoa já está recoberta de conhecimento em determinada área. E a coisa não é bem assim. Não necessariamente.
Simplesmente a coisa está meio que perdendo o rumo: o cara não cursou nem o ensino médio, o MEC o deixa fazer uma prova com contornos de supletivo – provinha bem cretina – dão de plano o diploma de ensino médio ao cara, ele tenta entrar na faculdade pública – em alguns cursos – ou na privada – em qualquer curso, exceto medicina – sem maiores dificuldades. Dificuldade quase 0. Recebe diploma de “nível superior” e fica cagando regra de “doutô” fazendo uma ruma de cagada.
Deve-se mudar tudo. Todo o formato desse atual ensino tem que ser frontalmente combatido, erradicado e passar por mudanças sérias e mais eficazes. Será que eu sei quais mudanças são estas? Não! Mas tem muita gente educadora que sabe, neste país e no mundo. Devem ser procuradas e ouvidas.
Ora!, aula em que o professor só escreve no quadro, fala uma, duas, três horas, alunos fingem que ouvem, colam trabalho da net, não estudam em casa, colam na prova e, mesmo assim, recebem diploma... Lascou! Eis o problema. Pior que tem deles que ainda ficam reprovados. Que injustiça! O aluno está sendo penalizado sozinho por uma culpa que é do professor e da gestão do colégio... Se for público, a culpa é, além dos professores e de quem dirige os colégios, também de quem tem os cargos políticos: indicados, contratados, concursados ou eletivos. Um secretário de educação é tão culpado na reprovação e no baixo nível do ensino, quanto um aluno que reprova, embora tenha tentado colar para passar. O prefeito de uma cidade tem tanta culpa no desinteresse do aluno pela educação, quanto os pais dos alunos e os professores que mentem e empurram atestado para não ir dar aulas... Ou até porque não sabem dar aulas. E por aí vai...
Quer aberração pior que o ENEM? O ENEM foi criado pra ser um exame que viria a medir a capacidade dos alunos, viram que estava fraquíssima, e como isso não iria mudar, e o ENEM serviria só para atestar a fraqueza da nossa educação, o atual governo foi e fez a manobra política de pegar o ENEM e federalizá-lo como processo seletivo às universidades do Brasil. Ou seja, a pessoa pra ingressa na UFRN não vai precisar saber de aspectos políticos, geográficos e históricos do RN. Você vê o tamanho do problema? Sem contar que isso só prova que, como o ENEM mostrava antes que o nível dos alunos era péssimo, então vão lá, pega um monte de alunos de péssima capacidade intelectual e, pelo exame que os media que eram péssimos, faz com que eles sejam jogados nas instituições que vão treiná-los para o mercado de trabalho e para a vida pessoal.
Enfim, como educar as novas gerações eu não tenho a receita pronta, mas tenho de início, duas dicas: 1º) acabar o quanto antes com esse nosso formato educacional que só imbeciliza a nação; 2º) exigir que as pessoas parem de cultuar a mídia de massa, sobretudo a Globo (ora, quando um ator de novela, uma celebridade em si, recebe mais elogio ou é mais respeitado e influencia mais do que um professor, fodeu!, a coisa está preta!; 3º) ensinar a elas que sozinhas elas se ensinam mais. Logo, aprendem mais, pois professor nenhum vai alojar na mente delas as coisas... O autodidatismo deve ser ensinado.
Com essas três dicazinhas, eu garanto que as novas gerações melhorariam o nível educacional da nação.