Entrevista com José Carlos Gueta
FB - Seu interesse pela leitura e poesia começou na infância mesmo? E qual foi à pessoa que mais o incentivou?
JCG – Meu pai trabalhava numa multinacional e no Natal recebíamos presentes da empresa, e junto com eles ganhávamos livros infantis de autores diversos, entre eles: Monteiro Lobato, Miguel de Cervantes, Charles Dickens e além da leitura o que me chamava à atenção eram as ilustrações, onde me tornei fã de gibis, entre eles os de Walt Disney, Maurício de Souza e etc. Meu pai reclamava muito, mas a minha mãe me incentivava.
FB – Como foi à infância e a criação que o senhor teve em fazenda?
JCG – Na fazenda do Barão alemão foram apenas cinco anos mágicos em contato com a natureza e criação de cavalos de raça, especialmente preparados para corrida. Tinha também na mata que ficava em volta da sede, veado campeiro, porco do mato e esquilos. O Barão vendeu a fazenda para um jogador de futebol do São Paulo Futebol Clube, e meus pais compraram um terreno num bairro próximo, onde morei dos cinco aos 14 anos.
FB – O senhor é um homem de múltiplos talentos, é devido a isto que foi intitulado pelo jornalista e apresentador Petrúcio Mello como “O Homem dos Sete Instrumentos”?
JCG – Petrúcio Mello tinha um programa na TV chamado, “PETRÚCIO MELLO SEM FRONTEIRAS”, um amigo meu compositor levou-me até lá, foi quando ele perguntou o que eu fazia, e respondi-lhe: Sou Torneiro Mecânico, Desenhista, Pintor, inventor, Locutor, Poeta e Repentista, então ele me disse: A partir de hoje vou chamar-lhe de “O Homem dos Sete Instrumentos”.
FB – O senhor trabalhou 37 anos na Pirelli como torneiro mecânico, possui talento para o desenho, já foi jurado de TV, escreve poesias lindamente, é radialista, pintor, inventor, locutor... Qual o seu talento a gente ainda não conhece? E qual o talento o senhor gostaria de ter?
JCG – Na Pirelli fiz o curso de Torneiro Mecânico pelo SENAI, de 1968 até 1971, saí e retornei em 1975 trabalhando como Torneiro Mecânico na oficina de manutenção até 1995, quando fui transferido para o Departamento de Planejamento e Organização na função de Desenhista de OPL (One Point Lesson), eram desenhos inicialmente feitos à mão mostrando ideias de melhorias no ambiente de trabalho, desenhando o Antes e Depois, Certo e Errado, Atual e Proposto e outros procedimentos, que depois passei a fazer no computador no programa chamado CorelDRAW, também fazia apostilas, manuais técnicos, folders, folhetos e panfletos para Programas de Qualidade Total, ISO900. O talento que eu gostaria de ter seria o talento para admini$trar o meu talento. (rs)
FB – Como surgiu a oportunidade para participar como jurado nos programas “Petrúcio Mello Sem Fronteiras” e “Lú na TV”?
JCG – Eu posso dizer que a poesia abre portas, tenho facilidade em decorar meus poemas que naquela ocasião já eram muitos, pedi para ele dar um tema que eu declamava um poema, ele pediu um poema sobre “Favela”, declamei de improviso ele gostou da idéia e pediu para que eu fizesse parte do corpo de jurados do programa.
FB – Vi na internet o senhor participando de um programa de rádio conversando pelo telefone com o falecido locutor Lombardi, quais as impressões o senhor teve da pessoa desse famoso ícone da TV e do rádio?
JCG – Eu conheço o Lombardi desde 1978, quando acompanhado de um amigo, íamos até a emissora da Rádio ABC, onde Lombardi comandava um Programa muito popular, em 1995 participei durante seis meses nesta mesma emissora, no Programa Sábado de Ouro, ao lado do comunicador Jota Santos, onde declamava poesias de minha autoria no “Cantinho da Poesia”. Lombardi era um grande comunicador, três dias antes de ele morrer eu lhe dei um livro intitulado “Sonetos Eternos”.
FB – O senhor assim como eu é um grande apreciador de acrósticos e assim com eu também sempre faz este estilo de texto para personalidades populares. Eu posso dizer no meu caso que muita gente gosta e outras torcem o nariz por se tratar de gente da mídia. No Brasil parece que as pessoas têm aversão em ser popular e quando se trata de coisas altamente populares como determinados artistas, novelas e alguns estilos musicais são sempre classificados como culturalmente inferior. Sou da opinião que existem coisas populares que são ruins mesmo, mas acho que existe uma elite que tem mania de querer impor sua vontade e querer classificar o que é brega e o que é chique. O que senhor acha?
JCG – Ao escrever um acróstico em homenagem a personalidades populares, não tenho a prévia preocupação de saber se os mesmos são bregas ou chiques, mas sim me valho da minha liberdade de expressão. Sou popular e estou onde o povo está, e declamo dentro de um supermercado, homenageando os funcionários desde os porteiros, seguranças, padeiros, caixas etc. Como costumo dizer: “Acionamos 76 músculos para franzir a testa e somente 14 para sorrir, pelo sorriso a alegria se manifesta e faz o jardim da vida florir”
FB – Pelo que contei em seu perfil no “Recanto das Letras” o senhor já tem pelo menos 13 livros já editados (Em um deles tive o prazer de receber uma homenagem de duas páginas), tem algum em andamento?
JCG – Atualmente tenho em média umas 400 poesias inéditas, que espero transpô-las para um livro brevemente pelo sistema Agbook onde já publiquei 7 livros, é a primeira rede física de livros sob demanda do mundo. Onde é possível publicar seu livro de forma 100% gratuita e sob demanda. O que isto quer dizer? Que você, autor pode publicar seu livro online, determinar quanto deseja ganhar por venda e disponibilizá-lo na loja sem pagar absolutamente nada por isso. Uma vez lá, todo e qualquer usuário pode adquiri-lo via comércio eletrônico.
FB – Quais os seus escritores e poetas consagrados preferidos e quais o senhor considera mais promissores?
JCG – Quantificar escritores e poetas de minha preferência e quais eu considero os mais promissores, na minha modesta opinião são aqueles que estão no anonimato e esquecidos pela grande mídia, que valorizam excessivamente autores de uma obra só, em detrimento de grandes valores com vultosas obras de talento inconteste, ficando à margem das grandes editoras que visam lucros exorbitantes. Aqui neste Recanto temos poetas consagrados que esperam para serem editados, que merecem da mídia atenção. Dentre eles Fábio Brandão!
FB – Qual o estilo musical o senhor mais aprecia?
JCG – MPB, Tango, Choro, Samba, Valsa e Música Clássica, eu sou eclético.
FB – Me diz uma poesia e uma música que toca o seu coração?
JCG – Amigos Para Siempre - José Carreras
FB – O que gosta mais em teatro, cinema e televisão?
JCG – No teatro Fernando Arrabal, no cinema Charles Chaplin e na televisão Eva Wilma.
FB – O senhor tem alguma religião que é praticante?
JCG – Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
FB – Em relação à política, o senhor está gostando da maneira em que o governo da Presidente Dilma Rouseff vem sendo conduzido?
JCG – O vereador do PT, que mora em frente de 2 terrenos meus, que eu adquiri há trinta anos, indicou-os para desapropriação, e fez no local uma UBS, (Unidade Básica de Saúde) com a anuência do prefeito do PT, do presidente Lula e da ministra Dilma que na época liberou verba do PAC. Fiquei um pouco aborrecido na ocasião, mas se é para beneficiar a população carente, fico contente por poder ter contribuído indiretamente para isto.
FB – O senhor tem alguma expectativa de mudança de mentalidade do brasileiro em algumas áreas como a omissão política, a questão do jeitinho e a falta de educação em coisas básicas do cotidiano?
JCG – A mudança de mentalidade vem pela educação e cultura, com acesso sem discriminação ao estudo público de qualidade para todos, não somente privilegiando aqueles que têm dinheiro pra pagar uma escola particular. Alimentação saudável no prato das nossas crianças carentes, e vida digna para os pais, com trabalho e salário suficiente para manter as necessidades básicas, e para suprir uma família com moradia, transporte e esporte para evitar a entrada de crianças e adolescentes no cruel mundo das drogas.
FB – O que José Carlos Gueta mais gosta de fazer em horas de lazer?
JCG – Escrever, escrever e escrever!
FB – O senhor já se considera um homem realizado? Se não se acha ainda realizado o que falta?
JCG – Estas perguntas me fizeram lembrar da frase de Rui Barbosa: “Se um dia, já homem feito e realizado, sentires que a terra cede a teus pés, que tuas obras desmoronam que não há ninguém à tua volta para te estender a mão, esquece a tua maturidade, passa pela tua mocidade, volta à tua infância e balbucia, entre lágrimas e esperanças, as últimas palavras que sempre te restarão na alma: minha mãe, meu pai.”
FB – Que mensagem gostaria de deixar aos meus leitores do “Recanto das Letras”?
JCG – A poesia não tem fronteira, ela alimenta a alma e satisfaz. Poetas levantem a bandeira da paz!
Amigos Para Sempre (Versão em Português de Amigos para Siempre de José Carreras) Música Preferida do Entrevistado
Eu não tenho nada pra dizer
Você parece no momento até saber
O quanto eu estou sofrendo
Vem, veja através dos olhos meus
A emoção que sinto em estar aqui
Sentir seu coração me amando
Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre
Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre
Você pode estar longe, muito longe sim
Mas por te amar, sinto você perto de mim
E o meu coração contente
Não nos perderemos, não te esquecerei
Você é a minha vida, tudo que sonhei
E quis para mim um dia
Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre
Amigos para sempre é o que nós iremos ser
Na primavera ou em qualquer das estações
Nas horas tristes, nos momentos de prazer
Amigos para sempre