ENTREVISTA DE FÁBIO BRANDÃO COM PR. BOSCO ESMERALDO

FB = Fábio Brandão

BE = Bosco Esmeraldo

FB - O que o leitor pode esperar de sua obra ao adquirir seu mais novo livro “Ecos e Reflexos em Tom Pó Ético Volume I”?

BE: Poemas os quais refletem os ecos de minhas memórias, nossa

experiência de vida, nosso dia a dia, observações e inspirações de

forma ética, desse pó que somos nós.

FB – Como surgiu seu interesse pela poesia e quais foram às pessoas que o incentivaram a ter gosto pela leitura?

BE: Tive o privilégio de ter nascido na roça. As cantorias, cantigas de

viola fazem parte do nosso quotidiano. O bucolismo de nossa

ambiência é algo fascinante e nos envolve de tal forma que chego a

pensar que o sertanejo traz esse amor pela poesia já em seu DNA.

FB – O que deveria ser feito em sua opinião para que as pessoas fossem despertadas ao interesse pela leitura desde a infância?

BE: Ninguém nasce gostando de ler. Creio que é a estratégia do ensino

a parte principal que vai despertar ou inibir o gosto pela leitura. Se

eu for um professor amante da leitura, irei fazer de tudo para

contagiar meus alunos pela boa leitura. Tive um professor de

história que só aprendi com ele sobre futebol. Se já desde as

primeiras classes for trazida a leitura para a criançada, certamente

adquirirão hábito pela leitura.

FB – O senhor acha que existe algum interesse de nossas autoridades para que a maioria da população seja instruída?

BE: Eu tenho lá minhas dúvidas. A baixa qualidade da educação no país

deve refletir as ações dessas autoridades. Um povo instruído

dificilmente é ludibriado.

FB – O senhor é de uma família que o incentivou a cultura de uma forma geral, o que o senhor acha que deve fazer quem ama a leitura e a poesia, mas não recebe incentivo de seus familiares e sofre até discriminações?

BE: Nunca usar isso como desculpa e buscar ler e ler. Nunca desistir de

buscar as respostas para os seus questionamentos. E quando

encontrar respostas vá atrás de outras e outras. O aprendizado

nunca termina. A gente pode e deve aprender até morrer.

FB – Uma forte característica de suas poesias é criar seu próprio estilo em boa parte de suas composições, quando surgiu esta ideia e qual foi o seu primeiro poema feito dessa forma?

BE: Primeiro eu gosto de seguir e cumprir regras. Fica bem mais

organizado e prático de se ler e entender assim. Paradoxalmente eu

gosto de contrariar as regras, sem feri-las, mas no sentido de fazer

o mesmo de forma diferente. Creio que herdei isso do meu pai. Ele

costumava sempre nos propor enigmas, fazer trocadilhos, pegar

uma palavra e subdividi-la transformá-la em charada ou trocadilhos.

Creio que essas inquietações me levaram a criar os meus próprios

estilos. O meu primeiro estilo foi o Philosofix. Gosto da dialética.

Estudando filosofia, sobre tese que nos leva a uma antítese que

resulta numa síntese, inspirou-me a criar um poema de três

tercetos, fundamentados nessa ideia.

FB- Fale que é o Sonatilho, Gradílio, Sonidilho, Philosofix, Paraletrix, Pentatrilho, Univerbum e Versonitus Esmeraldinus...

BE: Esses fazem parte da família dos Versos Esmeraldinus. São os

estilos que tive a graça e o privilégio de os criar. Falar de cada um

deles iria resultar numa resposta muito extensa. Falo de cada um

deles detalhadamente neste livro que estou a publicar.

1. GRADÍLIO – Uma poesia progressiva (gradual + idílio) crescente,

decrescente nas estrofações 4321, 1234 e espelhado nas

estrofações 4321234 e 1234321

2. PHILOSOFIX – Um estilo que harmoniza a poesia e filosofia

envolvendo a dialética, dando a oportunidade ao poeta de

explorar a ideia de tese, antítese e síntese em seus três terceto.

Rimada: ABA – BCB – CAC.

3. SONIDILHO – um poema baseado na estrutura do soneto, mas

tendo enxugado um verso em cada estrofe, ficando sua

estrofação – 3322.

4. SONATILHO – uma variação do GRADÍLIO, ou um PENTATRILHO

REDUZIDO com a estrofação 3241.

5. PARALETRIX – é um estilo composto de dois tercetos com rimas

internas explorando o paralelismo, um estilo poético muito

utilizado na Bíblia, que consiste em duas assertivas, versando

sobre o mesmo assunto ou sentido, às vezes aparentemente

antagônicos, mas harmônicos entre si. Um corrobora com o

sentido do outro, embora de forma diferente.

6. PENTATRILHO – é um estilo poético por mim criado, o qual é

composto de cinco estrofes, derivado do SONATILHO, com as

seguintes características: Um poema de na estrofação 53241

7. VERSONITUS - estilo literário variante do soneto e gradílio

seguindo as seguintes características: Estrofação 535 ou seja,

quinteto, terceto e quinteto; com acentuação rítmica: 26812.

A rimada atende a estas duas opções:

a. Externa: ABCBA – CBC – DEDED (12ª sílaba);

b. Interna: aaaaa – bbb – ccccc (6ª sílaba).

ou

c. Externa: ABCBA – CBC – DEDED

d. Interna: aabcc – bcb – ddcee

8. UNVIVERBUM - uma composição literária, na estrofação a gosto

do poeta, contendo apenas uma palavra ou uma locução

pronominal, verbal, adverbial, prepositiva, conjuntiva, interjetiva,

adjunto adnominal ou adverbial de dois ou três termos em cada

verso. A rimada existe, mas a combinação rímica e a métrica é a

gosto do poeta. O Univerbum recebe a palavra qualificativa de

acordo ao estilo escolhido.

FB- Além desse novo livro, tem outras obras publicadas, e é o senhor que edita seus próprios livros, ou tem alguma editora que faz isto?

BE: Além deste livro, tenho mais outros cinco editados aguardando

oportunidade de patrocínio para a impressão e publicação.

Eu escrevo tudo, escolho o formato e mando para a editoração e

formatação por meu filho, Tiago Esmeraldo, diagramador, designer.

A correção ortográfica confio a terceiros para não ser traído pelos

meus próprios erros.

FB – Sobre sua publicação mais recente tem alguma coisa a mais que gostaria de informar aos meus leitores do recanto das letras?

BE: Procuro imprimir naquilo que escrevo muito de mim. Seja algo

vivido, pensamentos etc. Entretanto, faço às vezes uso de

heterônimos, personagens que se reporta na primeira pessoa. Faço

isso na tentativa de trazer o leitor mais próximo da obra e quem

sabe, descobri nela afinidade e identidade.

FB – A música também faz parte de alguns dos vários talentos que Deus lhe concedeu, eu gostaria de saber quando foi que demonstrou interesse em aprender alguma coisa nessa área?

BE: Creio que ante de eu nascer, já ouvia o meu pai e minha mãe cantar

para os meus irmãos lá no aconchego do ventre materno. A mamãe

cantava sempre, se alegre ou triste, cantava para nos ninar.

Cantava nas missas, novenas e procissões. Ouvia os cambiteiros

cantarem enquanto transportavam cana para o engenho, os

trabalhadores no corte da cana ou no próprio engenho do meu avô,

sempre cantavam. O ouvido grudado nos rádio de pilha. Creio essas

são as fontes do meu gosto pela música. Na escola o canto

orfeônico e a música coral em muito deram-me incentivo para

continuar a buscar e estudar a música, notação musical, harmonia,

orquestração. Sou um autodidata. Meu primeiro instrumento

musical foi um “litrofone”, composto de quinze garrafas e litros com

níveis diferentes d'água para emitirem as notas musicais. Essa

façanha redeu-me uma gaita que ganhei de presente do Tio Cely.

Depois veio o violão, meu companheiro e parceiro de composições.

Para mim, tudo se resume em música. Até mesmo o silêncio.

Em 2000, lançamos um CD gravado em família com 16 louvores.

sendo a última delas uma homenagem a meus avós (e estendemos a

todos os avós da terra) uma canção com o título CASA GRANDE.

FB – Como surge a inspiração para compor músicas, poemas, artigos, etc...?

BE: Ainda garotinho, ousei compor as minhas primeiras quadras,

inspirado no meu avô grande poeta e minha mãe, com a qual

aprendi sobre sonetos. O meu pai gostava bastante de recitar

poesias de Castro Alves, Guerra Junqueiro etc. Acho que essa foi a

minha iniciação na poesia.

Minha primeira poesia nasceu juntamente com a minha primeira

canção. Alguém diria uma dor de cotovelo. Compus para marcar o

fim do meu primeiro namoro. Chama-se MAS, QUE IDEIA! Depois

disso, tudo era motivo para compor uma nova canção.

Atualmente componho apenas para louvar ao Senhor. Nasce assim,

de modo espontâneo. Se estou estudando alguma sequência

harmônica, nasce um novo louvor. Se estou estudando a Bíblia,

quando menos espero, compus uma nova poesia ou canção. As

vezes estou lendo algum poeta do Recanto e me bate uma

inspiração para uma música para aquela letra que leio. Peço

permissão ao autor e nasce uma nova melodia.

As crônicas e artigos surgem do nosso dia-a-dia. Resgate de

memória de algum que vivi, presenciei ou que me contaram. Algo

que tenho pesquisado e gostaria de compartilhar com todos etc.

Muitas de minhas inspirações surgem quando estou capinando com

as mãos o meu pomar. Sinto o Senhor me falando sobre algo.

Corro e vou registrar tudo para não me esquecer.

FB – Quais as figuras da literatura e da música gospel e secular que aprecia ouvir e ler?

BE: Na literatura, José de Alencar, Viriato Correia, Graciliano Ramos,

José Lins do Rego, Machado de Assis, Gióia Júnior, Augusto Cury,

Larry Kreider, Perrety, Yancey Phillip, Tim e Beverly La Haye e outros.

Na música gosto de todos os estilos e tenho composto e feito

arranjos em quase todos os estilos. Gosto muito de Álvaro Tito,

Asaph Borba, Ademar de Campos, Wolô, Vencedores por Cristo,

Logos, Joézer Valvassori, Eliézer Venâncio Gladir Cabral, Silvestre

Kuhlmann e vários outros. Tem muita gente boa por aí, mas eu

evito ouvir ou cantar certas canções por existirem muito erro de

ortografia e prosódia. Quando dá pra eu fazer a correção, canto de

forma correta Quando não dá, limito-me a apenas ouvir e tolerar.

FB – Eu tenho uma preferência pela poesia em estado bruto, e acabo não seguindo algumas regras. É realmente fundamental a métrica em composições literárias, ou a poesia livre também tem o seu lugar?

BE: Eu tenho preferência pelas regras, pois estas definem bem a

característica de qualquer estilo. Quando escrevo sem regra, deixo

uma obra sem estilo definido e de difícil classificação. Creio que

deixa-a também sem paternidade. Não critico quem não segue

regras. Interessante essa fuga de regras (quebra de paradigmas),

que dá origem a novos estilos, como alguns dos que criei.

FB – Quero voltar um pouco na sua infância, em um dos seus textos publicado no “Recanto das Letras”, o senhor disse ter sofrido na época o que hoje chamamos de “bullyng”, como superou isto em sua vida e que lição tirou dessa história?

BE: Eu era um garoto matuto, recém-chegado à cidade. Muito

encabulado. Minha professora me chamou ao quadro e eu não sabia

onde colocar as mãos. Ela gritou: “Esse menino parece um

fantoche! Fica direito, menino!” Foi o que a turma quis. Ganhei um

apelido que fingi não me incomodar, pra melhor poder passar e me

apaguei para qualquer coisa que fosse para me expor publicamente

Primeiro passo para vencer esse “bullying” foi procurar por iniciativa

própria me envolver com o Grupo de Escoteiro da Cidade. Depois

ingressar no grupo de teatro da cidade onde representei alguns

papeis em algumas peças. Mas a cura veio aos 27 anos, como relato

em minha crônica no RL - “ALÔ! TEM ALGUÉM AÍ?”

FB – Como iniciou sua vida pastoral e qual foi sua primeira experiência individual com Deus?

BE: Após experimentar a cura interior através da Palavra de Deus,

compartilhei com alguns irmão a minha experiência. Descobri que

muitas pessoas passavam por aquilo também. Foi quando obtive

autorização do pastor da Igreja para fazer aconselhamento nesta

área, compartilhando minha experiência e como a Palavra de Deus

pode atuar nessas circunstância. Minha experiência pessoal com

Deus, através de Seu Filho Jesus, foi através da leitura do Novo

Testamento. Em Apocalipse chegando senti-me transformado, uma

nova criatura. Parei a leitura quando encontrei uma passagem onde

um anjo dava um livro ao apóstolo João e o mandava comer Dizia o

anjo que o comer daquele livro seria amargo no estômago, mas em

sua boca, amargo como fel. Inquiri ao Senhor o que significava

aquela passagem. Ouvi claramente em meu interior o Senhor me

falando: Meu filho! Você gosta de ler Minha Palavra, que é doce

como meu, mas não quer amargar o vivê-la”. Esta foi a primeira

experiência pessoal onde vi que Deus não é teórico nem mudo, mas

Ele é um Deus presente, que ouve e que também fala.

FB – Tem algum projeto como missionário a ser desenvolvido?

BE: Sim. Próximo ano pretendo estar envolvido com uma missão onde

pretendo servir ao Senhor em tempo integral, na preparação de

missionários para serem enviados ao cumprimento do seu IDE, o

chamado do Senhor.

FB – Em relação à política em nosso país, qual a sua visão e expectativa de nossa atual presidente e que postura deve ter o cristão diante dessas questões fundamentais?

BE: Detesto politicagem e é o que vemos diariamente por todos os

lados. Somos serem políticos e não podemos ficar alheios ao

momento político que atravessa o nosso País. Meu conselho é que

sejamos cristãos autênticos, e, em caso de dúvida, fiquem com a

Palavra de Deus. Certamente teremos tomado a decisão correta. A

palavra ou a vontade do homem jamais deve prevalecer sobre a

Palavra de Deus. Espero que nossa presidenta (palavra lexicalmente

correta) tenha pelo Êxito e que governe bem a nossa Nação. Que

governe para o povo e não apenas por uma minoria. Que o direito

seja respeita e que a reciprocidade seja mantida. Lei é lei e não um

privilégio de poucos.

A Bíblia deve ser a conduta de fé e moral para o cristão.

FB – Ainda falando de política, por que alguns cristãos preferem se manter distante e alheios a tudo que acontece no mundo ao qual vivemos?

BE: São várias as causas disso. E creio que seja por falta de convicção e

argumentos apologéticos na defesa da fé cristã verdadeira. Se eu

sou um cristão maduro e convicto no que eu creio, nada tenho a

temer. E não convém ficar perdendo tempo com questiúnculas do

tipo pra saber o sexo dos anjos, ou quantos anjos cabem na

cabeça de um alfinete.

FB – Eu tenho como convicção de que a política é um cuidado de Deus em nossas vidas, ela foi criada com o intuito de organizar a sociedade, se não houvesse autoridades no comando de nossas vidas, acredito que viveríamos um caos muito maior. O que é preciso fazer para que a população entenda a importância de ser bem informado, votar e saber que as roubalheiras, falcatruas e várias coisas erradas que nossos governantes fazem não é “política” e sim “politicagem”?

BE: Você praticamente respondeu sua pergunta. A Bíblia afirma que a lei

e as autoridades existem para os malfeitores. Quem bem procede

estará livre dos efeitos das leis. Sem lei não há crime e tudo se

torna permissivo. A lei é necessária para disciplina. O desvio da

função para a qual foram eleitos se torna politicagem e roubalheira

como você mesmo acabou de citar. O pior que são essas mesmas

pessoas que estão criando as leis que governam o nosso país.

Imagine que tipo de lei tem sido criada. Cheia de furos e

impraticáveis. Alias, os seus efeitos têm sido sentidos apenas pelo

humilde e desprovido de recursos. É a lei do “vale o quanto tem”.

É uma vergonha!

FB – Como homem de Deus e Pastor, gostaria de fechar a entrevista com o senhor respondendo aos leitores desse site qual a essência do evangelho?

BE: É o Amor. Deus é Amor. Aquele que ama é nascido de Deus e

conhece a Deus. Portanto, devemos amar uns aos outros.

Quem ama, não mente, não rouba, não mata, não comete adultério.

Não defrauda, Mas quer sempre o bem do próximo.

É por isso que o Senhor Jesus resumiu tudo isso em “AMAR A DEUS

SOBRE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A SI MESMO”.

Publicada originalmente na Escrivaninha de Fábio Brandão Caldeira.

Grato Fábio pelo prestígio e privilégio.

[http://www.recantodasletras.com.br/entrevistas/3098882]

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 20/07/2011
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T3106376
Classificação de conteúdo: seguro
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