Sobre “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway

Sobre “O Velho e o Mar” de Ernest Hemingway

Quando acabo de ler um livro, começa o meu desatino.

Fico à espera de mais... divago.

Hoje terminei a leitura, mais uma, de não sei quantas outras, do belo, “O Velho e o Mar”, do “Grande”, Hemingway.

Pequeno livro no tamanho, incrívelmente grande no conteudo, é certamente uma das obras primas da Literatura Mundial.

Não se pode escrever com esta convicção se não se estiver perfeitamente embrenhado no ambiente e no saber da vida de quem se faz representar no relato.

A maneira como no meio do péssimismo, pode surgir sempre a esperança de vencer é única, e prende-nos os sentidos como se o “Velho” fossemos.

A conversa com o peixe, adversário e ao mesmo tempo amigo, o reconhecimento do seu valor como ser vivo, o tentar imbuir-se na sua maneira de pensar, é sublime.

Aquela espantosa e carinhosa maneira de receber o pequeno pássaro que lhe veio cansado pousar na linha, mostra uma vez mais o respeito que a idade e a vivencia, lhe ensinaram com os anos.

O amor à vida, quer humana, no carinho com que recorda o “rapaz”, miúdo a quem ensinou tudo o que pode sobre a sua nobre arte, ou quer no respeito pelo peixe, que teimava em não aparecer durante tanto tempo, o conhecimento profundo do meio ambiente que o rodeava, o mar; ao ponto de saber que o tempo iria virar sómente três a quatro dias depois, pelo simples olhar para o firmamento, são pequenas achas que nos prendem.

No fim, fico a divagar... teria sido esta a sua ultima saida para o mar, ou será que a sua força interior e vontade de viver o fez reviver ?

Mesmo que não tenha voltado, volta certamente a viver na mente de quem lê e relê esta bela poesia em prosa de Hemingway.

Comigo aconteceu, e certamente acontecerá sempre que o reler.

Antonio Freire

04 / 2005