Crise e Superação do Homem Contemporâneo
O homem, ora ser único pensamento reflexivo e articulado na linguagem e transformação da natureza da sua própria espécie, passa por grandes questões de crise de sua identidade e como se supera diante desta crise, muitas vezes, articulando-se com novas perspectivas e paradigmas, para se consolar com a sua própria existência.
De acordo com Husserl (2013), a corporalidade humana e a espiritualidade passaram para um horizonte coletivo, como comunidade, família, nação, e diante disso, a vida se tornou criadora com a cultura na unidade da historicidade, o que então desempenha um desenvolvimento na investigação empírica criativa e análise da ordem natural das coisas, o que acarreta interpretação subjetiva e intuitiva sobre os aspectos universais da natureza, o que provoca a formação coerente das ciências.
A crise da existência do homem, conforme a intelectualidade europeia, se documenta na desagregação da vida, mas não como fatalidade ou destino obscuro, mas numa busca da compreensão teleológica, ou seja, a finalidade última da existência mediante o racionalismo, o que exige se afastar do naturalismo e busca uma nova espiritualidade, como algo de garantia do futuro da humanidade.
Já, Cassirer (1977), admite a investigação filosófica do homem sobre si mesmo, e coloca a primeira condição como autorrealização, o que significa o uso da liberdade para focalizar a introspecção cética até o princípio do ser pelo pensamento até se convencer pela natureza do homem como experiência individual além do fenômeno natural, o que exige despontar consciência humana na visão da vida primitiva até o conhecer a si mesmo.
Ao antagonizar as ideias sobre a origem do homem (do ser humano), na questão biológica, psicológica e antropológica, a crise do problema se manifestou nos esforços individuais de todos os conhecimentos, o que dificulta combinar ou unificar a questão para resolução da referida crise, o que então exige uma união da antropologia científica, filosófica e teológica, sobre a questão da identidade clara e coerente sobre o homem, o que exige um estudo sobre a concepção do homem. Diante dos desconexos, o que se pode é observar e experimentar análises mais penetrantes a fim de encontrar a concepção da valorização da vida humana.
Mondin (1980) observa que a auto transcendência amplia o reconhecimento da crise passada pelo homem contemporâneo e estimula uma síntese entre existencialistas, marxistas e catolicismo. Ele parte do princípio de Sartre de superar o próprio ego a fim de estabilizar e objetivar a concretude das coisas, principalmente, quando se trata do ser humano, enquanto ser existente fora de si, ao utilizar o pensamento de Heidegger, até que possa ultrapassar possibilidades da dialética e possibilidade última do homem em si.
Os marxistas repudiam a transcendência para a compreensão do homem e se posicionam que o homem tem de transcender sem transcendência, ou seja, algo de evoluir mais do que o extraordinário. Já os pensadores católicos, como Blondel, este defende que a auto transcendência constitui a investigação filosófica o ser como evidência em pensar, agir e sentir, a fim de que o homem suplante o conhecimento adquirido. Já, Rahner aborda que o homem é um ser aberto, essencialmente, sobre si mesmo, e que se orienta para o futuro na realidade, o que vai de acordo com pensamento de Heidegger. E Boros aponta a auto transcendência para a Transcendência do ser, o que o defronta na direção para Deus.
E, diante de tais apontamentos, ao que tudo indica, a crise do homem contemporâneo aponta para uma busca de auto transcendência, na sua articulação, no sentido de buscar finalidade última da sua própria existência, em busca de uma garantia futurística e de autoconhecimento para a valorização de si mesmo.
REFERÊNCIAS
CASSIRER, Ernst. Antropologia Filosófica: ensaio sobre o homem. São Paulo: Mestre JOU, 1977.
HUSSERL, Edmund. A crise da humanidade europeia e a filosofia. Kairós, revista de filosofia e ciência. Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa. S: 141 – 174, 2013.
MONDIN, Batista. O homem: quem é ele? Elementos da Antropologia Filosófica. São Paulo: Paulinas, 1980.