🔴 Autor moral
A senadora Eliziane Gama apresentou o relatório da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do 8 de Janeiro. O calhamaço foi considerado uma piada, porque a suposta investigação foi tão falha que, em “home office”, eu faria melhor. No entanto, a constatação do “golpe de estado moral” abre uma brecha judicial, um precedente, uma jurisprudência, para eu reivindicar litígios já esquecidos.
Em 1978, a Argentina precisava ganhar a Copa disputada em casa. A ditadura “torceu, torceu, torceu” e a anfitriã levantou o troféu. A seleção brasileira assistiu a torcida do ditador argentino e se contentou em ser o campeão moral.
A seleção brasileira de futebol de 1982 sempre foi a campeã moral da Copa do Mundo. Jogando o que se chamava de futebol arte, para muitos, essa foi a última Copa do “País do Futebol”. Tempos remotos, quando testemunhei lágrimas futebolísticas sem achar aquilo tolo,
Nessa jurisprudência boba, aquele Corinthians de 2013 deveria ser considerado o vencedor do jogo contra o Boca Juniors. Vencedor moral ele sempre foi, já que o juiz operou (roubou) deliberadamente e escancaradamente, o clube brasileiro. Considerar “vencedor moral” sempre foi um jeito de esfriar a cabeça e deixar a injustiça para trás.
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Só tratando com galhofa a seriedade com que a senadora anunciou o término do ridículo relatório. Só ela não enxergou o circo que foi aquela Comissão. Imaginando-se um Ulisses Guimarães, fez sua cena democrática.
Na cara de pau, a maranhense foi escolhida para blindar tudo o que fosse do governo, escondendo o que era flagrante, que a tropa governista montou uma armadilha, que os “patriotas” caíram.
Eliziane Gama parecia brincar de relatora. Forjando seriedade ao compor perguntas estúpidas. A moça, interpretando um detetive de hospício, construía piadas involuntárias, achando que havia colocado o inquirido em contradição.
Com o absurdo resultado, os parlamentares, incrédulos, prepararam um relatório paralelo, porém, verossímil.
É óbvio que o relatório (governista) foi redigido para ser propositalmente fantasioso; não dando em nada, ele torna inócua a CPMI que nem queriam que existisse.