🔴 Escusas eleitorais
Depois das “pesquisas incontestáveis” vieram as desculpas esfarrapadas. A cara de madeira é tanta, que a sensação incômoda é de estar por fora de algum acontecimento importante. É exatamente isto o que acontece.
As “lojinhas de porcentagens” decepcionaram (manipularam, influenciaram?), de modo que deveria se recolher a uma relevância de horóscopo de jornal de bairro. Horóscopo de jornalzinho de bairro, porque é escrito pelo estagiário e não por um astrólogo; as supostas pesquisas deveriam ser “chutadas” por qualquer estagiário e publicadas em qualquer cantinho do folhetim.
Nada disso é por acaso. Cientificamente, foi comprovado que grande parte das pessoas tem tendência a seguir a maioria. Mesmo que no início seja claro que foi escolhida a opção correta, seguem a suposta unanimidade — Efeito Manada, popularmente conhecido como “Maria vai com as outras”. As pesquisas estimulam esse comportamento.
Candidatos desistiram da campanha, influenciados pelas pesquisas iniciais; candidatos arrefeceram a corrida eleitoral, desanimados com os números divulgados por estas mesmas empresas; e candidatos se surpreenderam com a diferença entre os levantamentos virtuais e a “bigorna da realidade” (expressão do Emílio Surita). Conclusão: as pesquisas esquisitas prejudicaram muitos candidatos.
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das pesquisas eleitorais pra quê? Além desses “circos” servirem mais como palanque e terminarem inócuos no objetivo de investigação e punição, podem servir um projeto de censura. Bastaria a imprensa ignorar quando saírem novos números. O descrédito já é uma realidade, o próximo passo é o descaso.
Não adianta, esta semana já começam a ser anunciados os primeiros números do segundo turno. Isto irá ocorrer. Não houve erro, já que os “enganos” são deliberados e recorrentes.
Quando saírem pesquisas que concluam que pesquisas não são confiáveis, talvez nesse dia eu confie em pesquisas.
“Estatística é a arte de torturar os números até que eles digam o que você quer”.