Ensaio sobre Bombas-relógio

Vitória, para mim, em tantos anos de temperamento

Encontrar-me neste momento, completamente calmo.

Sempre mergulhado em caos, como uma bomba-relógio caseira construída pelas mãos da crueldade.

Bombas-relógio caseiras, instaladas em corpos de crianças inocentes, que são preparadas desde bebês para a auto-destruição.

Onde o poeta age como esquadrão anti-bomba de si mesmo e, muitas das vezes, corta o fio errado. E explode

Explode, estilhaça, fere, mata.

O poeta tenta se enganar: Já estava morto antes de explodir.

Tenta se redimir: Não foi a minha intenção que explodisse.

Tenta superar: Já explodiu, que se foda.

Agora é lidar.

Mas hoje, especificamente hoje, já faz dias que nada explode. O esquadrão anti-bomba está de folga.

E quer saber? Que bom. Que bom que conseguimos. Esta calmaria alivia, refresca e aquece. É bom.

No lugar do suor da tensão, lágrimas de felicidade.

Do calor da explosão, doce brisa praiana da plenitude.

Da névoa negra da destruição, nuvens brancas de algodão e paz.

Da tesoura para cortar os fios, a caneta para escrever lindos versos de esperança.

Que isto sirva de lembrança

Ao poeta do futuro.

Eu tinha me esquecido do quão bom é estar vivo.

Gabriel Luiz
Enviado por Gabriel Luiz em 07/11/2021
Reeditado em 07/11/2021
Código do texto: T7380292
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