Ensaio sobre Bombas-relógio
Vitória, para mim, em tantos anos de temperamento
Encontrar-me neste momento, completamente calmo.
Sempre mergulhado em caos, como uma bomba-relógio caseira construída pelas mãos da crueldade.
Bombas-relógio caseiras, instaladas em corpos de crianças inocentes, que são preparadas desde bebês para a auto-destruição.
Onde o poeta age como esquadrão anti-bomba de si mesmo e, muitas das vezes, corta o fio errado. E explode
Explode, estilhaça, fere, mata.
O poeta tenta se enganar: Já estava morto antes de explodir.
Tenta se redimir: Não foi a minha intenção que explodisse.
Tenta superar: Já explodiu, que se foda.
Agora é lidar.
Mas hoje, especificamente hoje, já faz dias que nada explode. O esquadrão anti-bomba está de folga.
E quer saber? Que bom. Que bom que conseguimos. Esta calmaria alivia, refresca e aquece. É bom.
No lugar do suor da tensão, lágrimas de felicidade.
Do calor da explosão, doce brisa praiana da plenitude.
Da névoa negra da destruição, nuvens brancas de algodão e paz.
Da tesoura para cortar os fios, a caneta para escrever lindos versos de esperança.
Que isto sirva de lembrança
Ao poeta do futuro.
Eu tinha me esquecido do quão bom é estar vivo.