SONHO (ensaio)
SONHO
E a realidade se esfumaça
Opaca, a paisagem se transforma
Enquanto tudo dorme em torno
A tez da fisionomia muda
Como num espelho ondulado
Mas como todos dormem também
Agora sou já no sonho acordado
E vivo onde apenas os sonhos vivem
E não preciso mais cantar a angústia, a miséria
E nem toda a tristeza sem fim desta terra
Porque sinto o fogo da paixão eterno
Vejo as crianças como há cinqüenta anos
As meninas que namorei não envelheceram
E nessa atmosfera sagrada do meu ser
Tanto mais acerto quanto mais me impregno
Me imbuo, do meu não-ser
Para escrever somente o belo
Mesmo que de loucuras
Em devaneio