O Homem na caixa

“Eu sou o homem na caixa

Imerso em minha própria merda”

Esse verso grita na musica que conforta,

Eu tento esticar os braços para saber a extensão dessa caixa

As paredes se afastam,

É um espectro, o holograma de uma caixa

A caixa não existe

Eu sou homem na merda, imerso em minha própria caixa

Eu sou essa caixa, o flagelo que me prende.

Uma ilusão limitante.

Eu to bem, to bem

Eu sou o homem na caixa, que ri das minhas neuroses,

Eu não o vejo mas o riso me atormenta

Não é alto.

Não é constante.

Mas Como uma torneira mal fechada pinga e me enlouquece me quebra a concentração.

Eu sou homem exposto numa caixa

Minha caixa é uma vitrine

Como um boneco numa embalagem

Eu finjo estática, com uma cara de paisagem

No meu inferno, nem a intimidade é preservada.

Eu to bem, To bem…

Isso não é um pedido de socorro

Ate por que

Quem poderia ajudar?

Estamos todos em caixas.

Nas obsessões socialmente aceitas.

Nos vícios distorcidos sobre o prisma da virtude

E as angustias ressentidas

Ressignificadas no espelho da alegria

Eu to bem

To bem, to bem

Esse é o mantra que se quer ouvir

É o passaporte da inserção social.

Eu sou homem na caixa

Cuja a terra pesa sobre a tampa

Sinto na escuridão a pressão do ar suprimir com o romper das tabuas

Eles vieram

Hordas de vermes implacáveis que tudo consome

Eu sou homem na caixa, que ri

Um riso angustiante, de consolo

tá tudo bem

Eu to bem...

Logo isso acaba…