Vamos falar de contato?

Quando a pandemia começou em Fevereiro/Março do ano passado, todos ficaram assustados com a possibilidade de não poder se abraçar, se beijar, e até dar um aperto de mão. Contato físico, contato próximo poderiam transmitir a doença. E no início essas restrições eram ditas com um ar de riso, por que afinal, quem achou que a pandemia duraria tanto tempo? Mas e agora?

Assisti o filme A cinco passos de você (que sinceramente sempre acaba com as minhas estruturas) e a personagem principal diz algo importante que cabe muito nesse momento: “Nós precisamos ser tocados por quem amamos quase tanto quanto do ar que respiramos.” Ou seja, esse contato é uma manutenção da vida. É uma necessidade. E foi tirado de nós.

No entanto, ainda há as pessoas dentro da nossa casa, como mãe, pai, marido, esposa, filhos... esses nós continuamos com o contato. Será? Não necessariamente, muitos que trabalham na linha de frente do Covid em Hospitais não tem esse contato, aconchego e abraços. Muitos desses profissionais quando chegam em suas casas não podem ter um contato com os da sua própria família, alguns por medo da exposição ao vírus, outros porque de tão anestesiados não conseguem mais sentir, não sentem alegria, não sentem esperança, não sentem nem mesmo amor, sentem desespero, tristeza, vazio e medo.

Pensem nesses profissionais, como é pra eles lidar com a vida e a morte todos os dias. Fazer plantões exaustivos (às vezes mais de 15h/dia), lidar com uma mãe que perdeu o filho sem poder se despedir, ou um filho perder a mãe e saber que não vai mais ter o lar que está nos abraços dela. Pensem nessas pessoas que sofrem o luto de várias famílias durante um único dia, que o som que mais escutam agora é choro e vivem o desespero de não saber como será a hora seguinte. É uma triste realidade e o cenário atual. Um pesadelo sem previsão de fim.

Só que quando pensamos em contato, devemos ampliar o nosso conhecimento. De acordo com o dicionário, um dos significados é: Em que há proximidade, relação, comunicação entre pessoas. Proximidade, relação e comunicação, independem do contato físico. Ele pode até favorecer que tudo isso aconteça, mas não é a única forma. Só que requer esforço, determinação, coragem e tempo.

Então, você que está em casa, respeite as normas da OMS, mantenham distância, usem máscara e álcool gel, não saiam de casa. Pensem nos heróis da saúde que enfrentam tudo que vemos no jornal diariamente e lado a lado. Pensem nos que não tem escolha, se não sair para alimentar a si e seus familiares. Pensem nas famílias que não terão mais nenhum tipo de contato, verbal ou físico, porque perderam seus entes queridos.

E você que não tem outra opção além de sair de casa, não deixem de ter contato. Se comuniquem, conversem, tenham o prazer de ouvir a risada da pessoa que você ama, de notar como os olhos se espremem enquanto sorriem. Aproveitem todos os dias. Se conheçam, brinquem, dancem e se amem como é possível hoje. Porque amanhã é outro dia e não sabemos como ele vai ser.

Helena da Paz
Enviado por Helena da Paz em 17/03/2021
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