Vazios

Somos dois vazios que se tocam.

Na tentativa de se preencher.

Cercados por uma bolha. Que nos impede de se misturar.

Você lança alfinetes, Doutora. Mas da bolha não sai nem ar.

Eu devolvo as agulhas, no afã de me aproximar.

Você diz que elas não ferem, que até fazem bem.

Mas o vazio é o mesmo. E nessa vida ainda não conseguimos chegar em nada mais além.

O tempo gasto amando nunca é desperdício de tempo

Um dia talvez você me entenda.

Talvez nessa vida. Talvez em outra. Talvez nunca.

Mas esperar é uma virtude. Quem gosta, espera.

Ou se dilacera.