Leite condensado de direita
V de vacina, de vitória e verdade. A patética encenação do slogan, protagonizada por João Doria, mal executada pelos ex-presidentes Michel Temer e José Sarney, virou outdoor no Mato Grosso do Sul. Sim, propaganda do governador de São Paulo espalhada por outro estado. Curioso slogan que exalta a distribuição de uma “vacina” (que não imuniza) com apenas 50,38% de eficácia (talvez seja menos); usar a palavra “vitória” foi um ato falho, muito revelador para mostrar quem realmente politizou a pandemia; e, finalmente, “verdade” é um termo que não combina com o Doria. Só se fosse sinônimo de mentira.
O “V” do Doria é o de vergonha, vigarista, vitupério ou vingança. Empurrando uma vacina, que esconde acordos escusos com a China, o governador foi implantando medidas impopulares: lockdown, aumento na cobrança de ICMS para alguns setores; fim da gratuidade no transporte público (60 a 65 anos); etc.
Não só a oposição, mas derrotados na eleição e outros oportunistas, têm forçado uma ocasião de agarrarem o poder, para implementarem as benesses de sempre a grupos de interesse. Veículos, supostamente isentos, de notícias - que têm que, legitimamente, dar lucro; políticos; sindicatos; e demais grupos de interesse se enganaram mais uma vez, achando que a fake news do “leite condensado” era a oportunidade para o impeachment.
Facada, desastre de Brumadinho, fogo (Pantanal e Amazônia), COVID-19 e diversas acusações: nazista, fascista, misógino, miliciano, genocida, xenófobo e outras fobias já foram usadas para acusar o presidente e/ou tentar derrubá-lo, tudo sem fundamento.
O paroxismo dessa sanha pelo poder e farta distribuição de dinheiro, foi o episódio do “leite condensado”. Baseado num jornalismo porco cometido pelo portal Metrópoles, os abutres capturaram o que parecia ser a oportunidade de imputar um crime a esse governo. Talvez, associando o peculiar gosto de Bolsonaro - pão francês recheado com leite condensado -, imaginaram encontrar milhares de latas do produto na cozinha do Palácio da Alvorada. Aquela velha turma saiu, rastejando, do pântano. Choveu tuítes, alguns após o fim da polêmica. Se eu tiver unha encravada, já sei em quem pôr a culpa.
Se fosse um jogo de vídeo game, Bolsonaro teria vencido várias fazes, mas, com pouca energia, só um poder e apenas uma vida, restariam poucos desafios. Suspeito que o último vilão seja - o, até agora, indestrutível, invencível e terrível - Alexandre de Moraes.