Quem eu quero ser

Capítulo X

Quem eu quero ser

Para Geraldo Faria Campos

Quem eu quero ser? Quero ser quem de fato sou... de fato eu sou um guerreiro. Um soldado da paz. De fato eu sei quem sou, mas isso não basta. E em se tratando de ser professor quero ser como o professor Geraldo. Como professor de Língua Portuguesa quero poder decifrar e ser decifrado. E que meu pagamento, não venha só em forma de salário. Não basta saber quem se é, pois até do Amor nós podemos perder o calor por assim se amesquinhar. Não basta saber quem se é – tem que viver. E viver quem se é custa caro e não raro é um dom, um donativo de Deus para que sintamos a vocação e demos a nossa existência um sentido de missão. Missivas que atravessam o mar. O mar do isolamento. A tempestade que traz o medo. A tormenta que roga por desespero. Enfim, quando a existência já tem um sentido de missão, ela vira vida plena. E a gente nasceu é para brilhar. Ontem um novo Papa foi eleito. Francisco I. O primeiro latino-americano. Oremos pelas mudanças não heterodoxas. Oremos pela tradição não ortodoxa. Mudar exige muito afeto. Crise no afeto. Ninguém muda sem estar em crise. E o professor Geraldo, amigo que sempre visito, junto a sua esposa, Dona Aparecida e sua secretária, Zulmira, no apartamento às vezes Thiago, seu neto que também é meu amigo, eu vejo como é nobre este homem, e como meu sonho de amar como ele, de ser amado também já vem se realizando, pois desde quando comecei a ensinar redação há mais de 10 anos, ele esteve sempre no centro do meu coração, um ideal alado, uma canção. Hoje tenho meu método e minha exegese, mas a epistemologia vinda e cativada vem dele. Minha dialética e diálogo vem de você, meu querido professor. Este título de Prof. Emérito é um reconhecimento das milhares de aulas que como milagres abriram a mente e aqueceram os corações de milhares de alunos. Não seria quem sou se não fosse você. Não quereria ser quem ainda não sou se não fosse por você. E professor, não desisti de estar formalmente numa escola, este é outro sonho. Aposentar velho e não por um instrumento jurídico, este também é meu sonho. Ter vínculos com professores amigos, ter raízes com a escola.

E agradeço a Bia que me pediu por este pequeno texto. E agradeço aos meus pais, por serem também professores cuja maestria me ensina sobre amor, sabedoria e perdão. Agradeço a Elisangela, a Jôsy e a Rachel, e aos meus amigos, irmãos e sobrinhos que foram ou não alunos seus, pois neles há uma memória viva do que significa ser feliz...

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.

Cora Coralina

14/03/2013

DO LIVRO: O MENINO QUE QUERIA UM ABRAÇO