Dialética da Ciência, a Filosofia e a Liberdade Investigativa
Os nossos conhecimentos são ampliados e refinados no fato de que há um relacionamento profundo entre ciência e filosofia. No que tange à Ciência, ela atem-se às particularidades específicas de um problema, sugerindo hipóteses que poderão serem transformadas em teorias ou não. Enquanto que a Filosofia, que é a outra face da moeda, ocupa predominantemente de problemas gerais, teóricos e interpretativos. A conexão entre Ciência e Filosofia e as suas relações, sofrem profundas transformações ao longo dos tempos, isto porque, as duas áreas também são objeto de mudanças teóricas e práticas, impactando diretamente na forma de como vimo-as, e como podem suprir nossas necessidades, sejam elas de conhecimento, bem como de capacidade de resposta para os fenômenos do Universo, por exemplo.
No ponto de vista da Filosofia, pertinente à sua dialética de contorno metafísico, às investigações objetam chegar a verdades incontestáveis, teorias sólidas e inabaláveis. Independendo neste contexto, de investigações práticas, corporificadas em experimentos comprovatórios. Pode-se exemplificar, nestas colocações os princípios incontestáveis da Lógica Formal de Aristóteles, um corpo de conhecimento que não é posto a prova, é pelo contrário aceito como verdade axiomática. Cabe à Ciência dar um tom dissonante à formalidade e abstração, cerceada pela cognoscibilidade da Filosofia, e aplicar os princípios filosóficos, no caso, à Lógica do estagirita em campos particulares de estudo. Um exemplo claro e oportuno, seria à aplicação da Lógica Aristotélica na teoria da computação, no que refere-se aos algoritmos e programação de computadores.
Mas a Filosofia não é edificada somente em assuntos e verdades metafísicas. Na orientação filosófica antimetafísica, há a expectativa de que a determinação de leis gerais aos fenômenos investigados, não perpassa pelo descobrimento das suas causas, apenas centra-se no fato. É carregada portanto de aspectos empíricos de investigação, um exemplo típico é o positivismo de Auguste Comte. No positivismo, cabe à Filosofia desalojar e desconstruir a metafísica que está incrustada no pensamento científico, objetivando deixar a Ciência mais empírica (prática) possível. Eliminar-se-ia com isso os problemas científicos sem solução e resposta, e que na realidade não tem uma utilidade prática e distam-se da realidade fatual.
É tarefa magna da Filosofia, demarcar a tênue e importante fronteira entre Ciência e Metafísica. Dar à Ciência a liberdade investigativa e especulativa a fim de aprimorar-se gradativamente e calibrar a nossa visão do macro e do micro Cosmo a cada dia.
(Fonte: As Razões da Ciência – Ludovico Geymonat & Giulio Giorello)