A POESIA NO ENSAIO LITERÁRIO

(para o escritor Felipe Luiz Daiello)

No caso da lavratura de um ensaio sobre a geratriz literária, incide muito pouca “inspiração”, e sim o cumprimento do desafio de entronização nos teóricos quintais do mistério da Poética e a aceitação do desafio de tentar compreender os vetores da geração do poema (com Poesia). Vale ressaltar que não somente sobre os nascidos versos; enfim, apenas a análise da mera e/ou singela forma verbal e/ou o (seu) formato pretensamente poético, na emergente classificação do poeta-autor. É bom relembrar Ferreira Gullar, para quem "a arte existe porque a vida não basta." E assim caminha em mim esse tal fogo fátuo inspirador, que nada mais é do que a centelha de luz sobre a imagem, ritmo e estética. Considero-me apenas um poeta-mínimo, um artífice da palavra (so)erguida, enfim, do poema em seu imanente impulso rítmico perpetuamente (re)criador à espera do olhar e interpretação do poeta-leitor. Neste, e em mim, o poema vive a emoção e a racionalidade, à busca de comover o ocasional receptor, sempre donatário do seu próprio sentir – à conta e ordem do instigador conjunto textual – clava do embate entre o signo despido e a subversão do sentido original através das figuras de linguagem e suas decorrentes imagens.

– Do livro inédito OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/20.

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