Constantino fundou a Igreja Católica?

É saudável parar quando o sujeito afirma que "Quem criou o sistema católico foi Constantino 300 anos após a Jesus, isso segundo os registros históricos até onde sabemos."

Primeiro ele alega sobre que é impossível ter certeza sobre a autenticidade da bíblia e depois acredita nos registros históricos que "comprovam" a fabricação posterior da Bíblia sem demonstrá-los.

Eu porém não vou nem entrar neste argumento, mas falar sobre outro. A alegada criação do catolicismo por Constantino.

Constantino era um imperador Romano, povo pagão politeísta. Os deuses romanos, assim como os deuses gregos, eram todos "antropomórficos", exibindo características, pensamentos e atitudes humanas. Os deuses romanos tinham ciúmes, apaixonavam-se e justamente por causa disso era possível considerar o imperador (alguns deles mataram até parentes próximos) um deus.

O Deus católico representa uma nova concepção de Deus que os romanos, no princípio sequer entendiam. Roma chegou à Judeia em 142 A.C., de forma que é impossível marcar para antes disso um contato sólido com a religião judaica monoteísta para os romanos.

O pagão Constantino, para criar esta nova religião, precisaria, com a ajuda de quem quer que fosse, compreender profundamente o judaísmo, o seu Deus (que é verbo) e a sua lei para depois, observando os escritos dos profetas, elaborar a história de Jesus conforme estas mesmas profecias.

Depois disto ele precisaria inventar o conceito de batismo, ressurreição, pecado, perdão, Espírito Santo, Divina Trindade, Concepção Milagrosa, desprendimento do material, entre outros e principalmente, precisava inverter a ordem, criando um Deus que se fez homem na miséria e convencer os seus súditos de que o imperador não era mais deus, e que abdicar é que é bom, ao invés de se manter.

Ele precisaria também elaborar a tradição da Igreja e fazê-la espalhar-se e ser acreditada mesmo não sendo escrita e não podendo ser confirmada e nem alterada, de forma que ela tem que manter-se coerente e coesa ao livro chamado bíblia, o qual ele mandaria escrever boa parte, usando o grego, escolha de idioma incomum para um Imperador Romano. Se ele tinha o poder para impor uma religião inteira, porque não teria para impor um idioma?

Depois ele precisaria pensar em pessoas tão virtuosas a ponto de morrer pela fé sem pestanejar, inventando o conceito de mártires. Assim ele poderia escrever a história de todos os primeiros mártires. Numa pesquisa rápida o wikipedia conta o número de 197 martírios na Igreja antes do Primeiro Concílio de Nicéia. É um bocado de martírio para inventar.

Então chegara a hora do famoso Primeiro Concílio de Necéia, onde Constantino fundaria a nova Igreja. Neste concílio foram estiveram entre 250 e 318 Bispos. Ele então, num curto período de tempo, mostrou a nova doutrina para todos aqueles bispos de forma que todos eles entenderam e aprenderam todos os novos conceitos (o que poderia não ser difícil pelo perigo de morte sobre aqueles que não o fizessem) e estes bispos precisariam espalhar esta crença por todo o imenso Império Romano de forma que não fosse possível perceber que a nova religião do império, surgida da cabeça do imperador, não vinha do oriente médio.

E esta nova religião se espalhou por todo o Império Romano, sendo acreditada por todos, instantaneamente, antes do invento da imprensa e dos meios publicitários. Melhor ainda, esta nova crença manteve uma extraordinária coincidência entre a tradição e o livro. Se foram alterados posteriormente por tradutores incautos o Papa teve a inteligência e o poder de fazer a todos aceitarem as novidades de forma simultânea e homogênea.

Admiro muito aqueles que acham que isto é possível pois eles têm muito mais fé que eu tenho. Para fazer tudo isso aí é mais fácil fazer nascer logo um homem perfeito. Dá menos trabalho.