Parem de nos matar

Era um corpo, um corpo de mulher, que pulsava, que ria, que trazia o feminino como marca. Um corpo que causava ardor e desejo. Um corpo de mulher. Agora um corpo morto, mais um, mais quantos? Morto por um homem, pouco se houve falar de mulheres assassinadas por mulheres. Era um corpo de mulher cheio de vida e pulsão e um corpo de homem cheio de ódio e machismo. Para ele um belo corpo de mulher, mas nada que isso. Pouco importa seu desejo, sua dor, sua história. Um corpo um corpo de mulher, usado, violentado, amarrado, amordaçado. Até quando, mais quantos com a voz abafada, o coração desparado de medo, a morte perto, pelo simples motivo de ser mulher. Não fale com estranhos, olha a roupa, tenha medo... Até quando vão nos matar por ter vida, por ser mulher, sem dó sem piedade. Parem de nos matar seus monstros fracos e machistas. Somos todas flores e nascemos para florescer e não para morrer.

Ane Barros