sobre a "nova" educação moral e cívica

Quando comecei a ensinar História nas escolas no início dos anos 90 a chamada liberdade de cátedra, liberdade de ensinar como e o que quiser desde que de acordo com os princípios norteadores da Educação pós ditadura militar, já era realidade, sonho pelo qual muitos lutaram muitos antes de mim.

Embora o terreno estivesse preparado, enfrentei muitos desafios porque a recém abertura política era um lugar que congregava 3 gerações (aqueles que aprenderam e ensinaram sob vigilância, nós - os formados depois que os sensores deixaram as universidades - e, os adolescentes que não sabiam de nada disso mas sentiam o movimento da abertura sinalizar novos horizontes).

Éramos 3 gerações que precisava dialogar para proporcionar ensino de qualidade para os jovens que cresceram sem a memória das marcas que anos de chumbo nos herdaram.

Hoje vejo na TV que o governo federal está prestes a implementar uma "nova" educação de moral e cívica e já prepara coerção dos municípios para que aja adesão ao plano nefasto - triste e perigoso - o governo prepara contra-ataque à democracia nos moldes dos anos 70 do SÉCULO PASSADO.

Eu penso no esforço feito pelos construtivistas pensadores sem bandeira ideológica que não fosse o desejo de alavancar indivíduos e nação ao patamar de nação soberana. Penso nos idealista como eu alinhados com Piaget, Vygotsky, Montessori, Paulo Freire e muitos outros pensadores e no quanto perderemos se perdermos a autonomia conquista na prática de sala de aula ensinado CIÊNCIA, ARTES E LINGUAGENS.

O antropólogo Darcy Ribeiro será esquecido? O que será feito dos PCNs? Como serão as reuniões dos professores nas escolas se for acrescentado o mais do mesmo no mais do mesmo?

O Brasil é hoje diferente em muitos aspectos do país que deixamos na década de 70, somos uma nação que experimentou mais liberdade, mais fraternidade e mais igualdade - ordem e o progresso são ideias que desejamos mas sempre discutimos por quais caminhos é melhor trilhar para alcançarmos juntos o que é realmente melhor para a maioria.

É preciso estar atento, e dizer NÃO para o retrocesso.

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 20/09/2019
Reeditado em 21/09/2019
Código do texto: T6749488
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